Folha de S.Paulo

Traficante Elias Maluco é achado morto em prisão

- Katna Baran

CURITIBA O traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, foi encontrado morto na Penitenciá­ria Federal de Catanduvas, oeste do Paraná, na tarde desta terça-feira (22).

O Depen (Departamen­to Penitenciá­rio Nacional) confirmou a morte do traficante, sem detalhar as circunstân­cias do caso. Segundo o órgão, o local foi preservado até a chegada da Polícia Federal, acionada para fazer a perícia. A família já foi comunicada da morte pelo serviço social da unidade prisional.

“O Depen informa que preza pelo irrestrito cumpriment­o da Lei de Execução Penal e que todas as assistênci­as previstas no normativo são garantidas aos privados de liberdade que se encontram custodiado­s no Sistema Penitenciá­rio Federal.”

Procurado pela Folha ,oadvogado de Elias, Eduardo de Souza Gomes, afirmou que ainda deve se pronunciar.

O traficante foi condenado em quatro processos distintos, um deles pela morte do jornalista Tim Lopes, em 2002. Ele foi preso em setembro daquele ano, três meses após o assassinat­o, e a condenação, de 28 anos e seis meses de prisão, saiu em 2005.

O repórter da TV Globo foi capturado enquanto fazia reportagem sobre abuso de menores em baile funk na Favela do Cruzeiro, no bairro da Penha, na zona norte do Rio.

Elias ainda respondia por tráfico de drogas e associação para o tráfico, além de lavagem de dinheiro. A última condenação, de 2013, foi por ter comprado imóveis e carro de luxo com recursos do tráfico e registrado os bens em nome da mulher e da sogra. Todas as penas somavam mais de 70 anos de prisão.

Em agosto de 2019, o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, revogou uma prisão preventiva contra o traficante. O mandado era de junho de 2017, referente a uma associação com o tráfico de drogas, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Apesar da decisão, Elias permaneceu preso por conta dos outros processos.

Já em janeiro de 2020, quase 18 anos depois do assassinat­o de Lopes, um grupo de advogados divulgou que queria desarquiva­r o inquérito.

Para eles, Elias era inocente, pois estaria fora do Rio no dia do crime. Com a publicação no Diário Oficial da União de ato do Conselho Federal da OAB, em janeiro de 2019, os advogados foram autorizado­s a investigar por conta própria. A mudança, que atinge o Código de Processo Penal, fez com os defensores decidissem reabrir caso já tido como resolvido pela Justiça.

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