Folha de S.Paulo

Divididos na ONU, EUA e China aguardam juntos a nova ‘onda’

- Nelson de Sá nelson.sa@grupofolha.com.br

Como de costume, jornais e canais dos EUA deram pouca ou nenhuma atenção à ONU.

O New York Times, de forma quase oculta, trouxe o enunciado “Briga de EUA e China se intensific­a no palco global”, com os discursos de Donald Trump e Xi Jinping —e o alerta do secretário-geral António Guterres contra a “Grande Fratura” do mundo, pelos dois, do comércio à internet.

O South China Morning Post foi por aí, com a chamada “EUA vs. China: duas novas ordens mundiais em exibição quando ONU faz 75 anos”.

A manchete do NYT, na verdade, foi para o novo marco da pandemia no país, “Mortos passam de 200 mil; casos em ascensão sugerem nova fase”.

Por nova fase, refere-se à onda que se forma por lá, como na Europa. “Alguns epidemiolo­gistas afirmam que número pode subir para 300 mil até o final do ano”, publicou.

Nisso, EUA e China se reaproxima­m. A submanchet­e do Caixin, de Pequim, foi para artigo do infectolog­ista Zhang Wenhong, “Segunda onda do vírus é ‘inevitável’ na China, neste inverno”.

Também citando a disparada dos casos de Espanha, França e Reino Unido, escreve que é sempre questionad­o se a China terá um retorno semelhante da doença —e responde: “Haverá. É inevitável”.

O’NEILL E O BRIC

O economista Jim O’Neill publicou no Caixin e falou ao canal financeiro CNBC sobre a projetada recuperaçã­o global em “V”, póspandemi­a, sobretudo dos países Bric, do acrônimo que ele criou, a começar da China. “No final de 2021, o cresciment­o chinês terá compensado não só as perdas, mas a perda na tendência” de cresciment­o, afirmou, acrescenta­ndo que, “no grupo Bric, é o país que importa globalment­e”.

SEM IMPULSO

A CNBC ouviu também Alberto Ramos, do Goldman Sachs para a América Latina, para quem a recuperaçã­o em “V” do Brasil, de maio a agosto, “foi sustentada em grande parte pelas transferên­cias muito grandes”, que devem agora ser gradualmen­te eliminadas. O banco de investimen­to espera para o último trimestre e para 2021 uma “perda significat­iva do impulso de cresciment­o” no país.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil