Divididos na ONU, EUA e China aguardam juntos a nova ‘onda’
Como de costume, jornais e canais dos EUA deram pouca ou nenhuma atenção à ONU.
O New York Times, de forma quase oculta, trouxe o enunciado “Briga de EUA e China se intensifica no palco global”, com os discursos de Donald Trump e Xi Jinping —e o alerta do secretário-geral António Guterres contra a “Grande Fratura” do mundo, pelos dois, do comércio à internet.
O South China Morning Post foi por aí, com a chamada “EUA vs. China: duas novas ordens mundiais em exibição quando ONU faz 75 anos”.
A manchete do NYT, na verdade, foi para o novo marco da pandemia no país, “Mortos passam de 200 mil; casos em ascensão sugerem nova fase”.
Por nova fase, refere-se à onda que se forma por lá, como na Europa. “Alguns epidemiologistas afirmam que número pode subir para 300 mil até o final do ano”, publicou.
Nisso, EUA e China se reaproximam. A submanchete do Caixin, de Pequim, foi para artigo do infectologista Zhang Wenhong, “Segunda onda do vírus é ‘inevitável’ na China, neste inverno”.
Também citando a disparada dos casos de Espanha, França e Reino Unido, escreve que é sempre questionado se a China terá um retorno semelhante da doença —e responde: “Haverá. É inevitável”.
O’NEILL E O BRIC
O economista Jim O’Neill publicou no Caixin e falou ao canal financeiro CNBC sobre a projetada recuperação global em “V”, póspandemia, sobretudo dos países Bric, do acrônimo que ele criou, a começar da China. “No final de 2021, o crescimento chinês terá compensado não só as perdas, mas a perda na tendência” de crescimento, afirmou, acrescentando que, “no grupo Bric, é o país que importa globalmente”.
SEM IMPULSO
A CNBC ouviu também Alberto Ramos, do Goldman Sachs para a América Latina, para quem a recuperação em “V” do Brasil, de maio a agosto, “foi sustentada em grande parte pelas transferências muito grandes”, que devem agora ser gradualmente eliminadas. O banco de investimento espera para o último trimestre e para 2021 uma “perda significativa do impulso de crescimento” no país.