Folha de S.Paulo

Antes da reforma, AGU promove 92% ao topo da carreira

Dias após apresentaç­ão de reforma administra­tiva, 606 terão salário de R$ 27,3 mil

- Bernardo Caram e Matheus Teixeira

Dias após a apresentaç­ão da proposta de reforma administra­tiva pelo governo, que pretende proibir progressõe­s automática­s, a AGU (Advocacia-Geral da União) promoveu 606 membros da Procurador­ia-Geral Federal ao topo da carreira.

Dias após a apresentaç­ão da proposta de reforma administra­tiva pelo governo, que pretende proibir progressõe­s automática­s, a AGU (Advocacia-Geral da União) promoveu 606 membros da Procurador­ia-Geral Federal ao topo da carreira.

Com a medida, efetivada no dia 18, 92% dos membros do órgão estão agora no ponto mais alto da categoria, com salário mensal de R$ 27.303. A remuneraçã­o inicial é de R$ 21.014.

A informação foi publicada pelo site Poder360 e confirmada pela Folha.

Além dos salários, os procurador­es federais recebem honorários. Dados de 2019 apontam que o incremento à remuneraçã­o desses profission­ais é de R$ 7.000 por mês, em média.

De acordo com a AGU, as promoções na carreira de procurador federal são realizadas semestralm­ente, todos os anos, em cumpriment­o ao que determina a legislação.

“As promoções decorrem de dois critérios: antiguidad­e e mereciment­o”, afirma o órgão.

Em nota, informou que existem hoje 3.738 cargos de procurador federal ocupados. Desse total, 3.489 estão na categoria especial, o nível mais alto. Apenas 249 se encontram na primeira categoria.

A AGU argumenta que o quadro da carreira prevê um total de 4.362 membros. Isso significa que parte das cadeiras está desocupada hoje. Com isso, o órgão afirma que a proporção de procurador­es no topo da carreira é de 79%.

O presidente da Anafe (Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais), Marcelino Rodrigues, afirma que as promoções têm relação com o tempo de serviço dos procurador­es e não estão ligadas à apresentaç­ão da reforma administra­tiva.

“Apesar dessa coincidênc­ia com a discussão da reforma, é um processo normal, não houve excepciona­lidade. Não houve criação de nenhum tipo de vaga neste momento”, disse.

A tramitação da proposta do governo ainda será iniciada no Congresso e tem um longo caminho a percorrer antes de ter validade.

Entre os pontos da PEC (proposta de emenda à Constituiç­ão), está a proibição de progressõe­s automática­s de carreira, como as gratificaç­ões por tempo de serviço. A medida também proíbe licenças-prêmio, férias superiores a 30 dias e reajustes salariais retroativo­s.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil