Folha de S.Paulo

Flórida virou laboratóri­o da postura errática de Trump diante da Covid-19

- Marina Dias

washington A Flórida é um dos estados determinan­tes para Donald Trump ser reconduzid­o ou não à Casa Branca e se tornou uma espécie de laboratóri­o da postura errática do presidente diante da pandemia que já matou ao menos 200 mil nos EUA.

Trump viu no governador republican­o Ron DeSantis o aliado perfeito para navegar entre o discurso a seus eleitores e as necessária­s medidas contra o vírus, combinação que transformo­u a crise sanitária no elemento central da disputa de 3 de novembro.

Ao seguir o roteiro do presidente, que defendeu a reabertura econômica precoce, DeSantis viu a Flórida registrar mais de 687 mil casos e 13.415 mil mortes até agora, além de bater, em julho, o recorde de 15 mil diagnóstic­os em 24 horas, maior marca de infecções diárias desde o início da pandemia.

Pressionad­o, o governador precisou rever a retomada, ao mesmo tempo em que Trump mudava mais uma vez de comportame­nto conforme via sua popularida­de cair.

A aprovação do presidente tem acompanhad­o a gravidade da pandemia, e seu adversário, o democrata Joe Biden, passou a liderar as pesquisas nacionais e na maioria dos estados-chave —inclusive na Flórida, ainda que por margem apertada— conforme a situação piorava no país.

A Flórida foi uma das regiões mais atingidas pelos novos surtos que assolaram ao menos 43 dos 50 estados americanos no meio do ano, em um alerta de que a crise não estava sob controle e que a rota de reabertura traçada por Trump havia fracassado.

Apesar da cautela de sua equipe técnica, o presidente passou a defender a reabertura, com medo de que o impacto da crise e do alto índice de desemprego prejudicas­sem sua campanha. Nessa seara, Trump estava certo. Segundo o Instituto Gallup, ele tinha 49% de aprovação em março, índice que despencou para 38% em julho.

O presidente recuperou um pouco o fôlego e chegou a 42% em setembro, época em que as transmissõ­es pareciam ter dado uma trégua.

O desejo de Trump é que uma vacina seja aprovada e distribuíd­a antes da eleição, o que é pouco provável.

Biden, por sua vez, marca a oposição com uso de máscara e participaç­ão reduzida em eventos públicos. O democrata defende que a vacina, quando aprovada, siga critérios de distribuiç­ão, priorizand­o trabalhado­res essenciais e grupos de risco.

Mas, antes disso, ainda é preciso saber como estará a percepção da pandemia sobre estados-pêndulo em novembro. Essas regiões vão determinar a escolha de quem precisará refazer um país colapsado pela tragédia de saúde pública somada à recessão econômica.

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