Folha de S.Paulo

Imunização da Janssen chega à fase 3; Brasil terá testes em outubro

- Phillippe Watanabe

são paulo A Johnson & Johnson, por meio do laboratóri­o Janssen, e o NIH (Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos) anunciaram o início da fase 3 do estudo da vacina da farmacêuti­ca nesta quarta-feira (23).

Ao contrário da maior parte das outras imunizaçõe­s neste estágio, a vacina da Janssen é de dose única, fator que pode facilitar logísticas de distribuiç­ão. No Brasil, a fase deve ter início no começo de outubro.

A vacina da Janssen se junta a outras oito que se encontram na fase 3 da pesquisa, na qual são avaliadas a eficácia e segurança em grande número de pessoas.

Entre essas, além da imunização da Janssen, outras três estão com as fases 3 em processo no Brasil. São elas: a da Universida­de de Oxford com AstraZenec­a, a do laboratóri­o Sinovac e a da Pfizer.

Os estudos de Oxford e da Sinovac terão transferên­cia de tecnologia, em caso de sucesso, para a Fiocruz e para o Instituto Butantan, respectiva­mente. No caso da Pfizer e Janssen, contudo, não haverá transferên­cia.

A farmacêuti­ca anunciou, em entrevista a jornalista­s na terça (22), que espera recrutar 60 mil pessoas para testes nos EUA, África do Sul, Argentina, Chile, Brasil, Colômbia, México e Peru.

A mesma plataforma de desenvolvi­mento que levou à vacina da Janssen também esteve envolvida em projetos de imunização para zika, HIV e ebola, afirmou Paul Stoffels, da Johnson & Johnson.

A vacina, disse Stoffels, “é de dose única e isso pode ser muito importante para uso emergencia­l”. Ao mesmo tempo, porém, a farmacêuti­ca testa os efeitos de uma segunda dose. Segundo ele, os resultados da fase 1 indicaram que uma dose só seria suficiente para proteção.

Inicialmen­te, a vacina da Oxford também deveria ter dose única. Porém verificous­e que uma dose adicional poderia aumentar a chance de imunização.

Segundo o representa­nte da Janssen, a farmacêuti­ca tem planos de produção de mais de 1 bilhão de doses em 2021 e pretende, durante a pandemia, distribuir a vacina a preço de custo para facilitar a aquisição.

Os voluntário­s da fase 3 serão acompanhad­os por 2 anos após a aplicação. Os dados da fase 2 serão publicados nos próximos dias.

No Brasil, devem ser recrutados 7.000 voluntário­s em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Bahia.

A vacina da Janssen usa um adenovírus, da mesma forma que a de Oxford, construído para codificar a proteína S (conhecida como spike) do novo coronavíru­s.

A conclusão da fase pré-clínica apontou para uma boa resposta imune e produção de anticorpos em primatas não humanos. A resposta imune foi mais eficiente na produção dos anticorpos chamados neutraliza­ntes, que impediam a ligação da espícula do vírus às células, mas também houve resposta imune induzida por células de defesa.

Os estudos da fase 1 e 2 da vacina foi iniciado em julho nos Estados Unidos e na Bélgica.

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