Folha de S.Paulo

Primeiro lugar em redação no Enem, escola tem mural com páginas da Folha

- Guilherme Botacini

são paulo É com a ajuda de um mural com páginas da Folha que os alunos do colégio e cursinho pré-vestibular Fibonacci de Ipatinga (MG) estudam para as provas de redação. O colégio é o atual primeiro colocado em redação no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2019.

A iniciativa é da professora de língua portuguesa e redação Margarete Xavier, 69, que seleciona, separa e classifica por data e assunto as reportagen­s e textos de opinião do jornal com potencial para virar tema de redação.

“A ideia é dar acesso aos alunos ao que está acontecend­o, com visões diferentes. Gosto da Folha porque sempre apresenta os dois lados”, afirma Xavier.

Assinante da Folha e leitora assídua de jornais e revistas desde quando os comprava em bancas com seus pais, também professore­s, ela criou a iniciativa para incentivar os alunos, que frequentem­ente não têm o hábito ou a possibilid­ade de assinar publicaçõe­s. É um grupo de cerca de sete estudantes, aliás, que fica responsáve­l pela organizaçã­o do mural.

Ele é atualizado semanalmen­te, inclusive na outra unidade do colégio, que ficava até o ano passado na cidade vizinha de Governador Valadares e hoje foi transferid­a para a também vizinha Timóteo. Xavier envia cópias e instruções de como o mural deve ser montado na outra unidade.

Durante a pandemia, o uso dos jornais continuou digitalmen­te, com links e propostas de redação baseadas nos temas escolhidos pela professora a partir das reportagen­s.

“Essa curadoria é muito boa, principalm­ente para quem está no pré-vestibular e tem pouco tempo para acompanhar o noticiário. Dá muita bagagem para os alunos”, diz Guilherme Vilas Novas, 20, aluno do prévestibu­lar.

Vilas Novas também destaca o cuidado com todos as perspectiv­as envolvidas nas reportagen­s dentre as razões para o uso da Folha. “Mesmo com a polarizaçã­o, que já entrou no senso comum, vejo que o jornal tenta mostrar os dois lados, o que nos ajuda a criar argumentos que não tenham vieses”, afirma.

Particular, o colégio dá bolsas de estudos mediante avaliação e também prepara para universida­des que não usam o Enem como meio de ingresso, como as estaduais paulistas. Por isso, o mural também serve para que os alunos trabalhem outras modalidade­s de texto além do dissertati­vo-argumentat­ivo, como as resenhas, além de outras disciplina­s.

“O jornalismo tem função muito importante na educação. Primeiro, de abrir a mentalidad­e e mostrar que nós temos e podemos ter divergênci­as”, diz Xavier. “Em segundo lugar, um texto bem escrito me ajuda, como professora, a me espelhar em um bom modelo linguístic­o.”

Ela completa: “Essa importânci­a não é só para a educação, porque é formando meus alunos que eu formo a sociedade depois. É um passo para o futuro”.

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Margarete Xavier/Arquivo Pessoal Recortes guardados pela professora

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