Folha de S.Paulo

Caça Gripen faz sua estreia em voo no país

Em testes, aeronave foi de Navegantes à fábrica da Embraer (SP) em 1h03min

- Igor Gielow Colaborou Vanessa da Rocha, de Navegantes (SC)

O primeiro Gripen da FAB fez ontem seu voo inaugural, de Navegantes (SC) até a pista da Embraer em Gavião Peixoto (SP).

O primeiro caça Gripen da FAB (Força Aérea Brasileira) decolou às 14h04 desta quinta-feira (24) para seu voo inaugural no espaço aéreo do Brasil. Uma hora e três minutos depois, pousou em Gavião Peixoto (SP), onde seguirá em testes no centro conjunto da fabricante sueca Saab e da brasileira Embraer.

O avião havia chegado de navio a Navegantes no domingo (20), após quase 21 dias no mar, vindo da Suécia.

Ele havia sido rebocado nos 3 km que separam o porto do aeroporto sob forte escolta.

A cidade onde pousou às 15h07 sedia a unidade de produtos militares da Embraer, que fabricará com a Saab cerca de 15 dos 36 Gripen encomendad­os pelo Brasil.

O voo cobriu os 560 km entre os dois aeroportos. Dois helicópter­os de resgate ficaram de prontidão para eventualid­ades em Florianópo­lis e em Pirassunun­ga (SP), e dois caças F-5M acompanhar­am o início do trajeto.

O avião foi pilotado pelo chefe de ensaios de voo da Saab, Marcus Wandt. Ele já havia feito o voo inaugural da aeronave, em 26 de agosto de 2019.

“Tudo ocorreu como o previsto”, afirmou, sobre testes no solo em SC. O embarque do piloto ocorreu às 13h26. Após 5 minutos, a turbina foi acionada. Às 13h53, o caça se preparou para a decolagem.

O Gripen de matrícula FAB4100 é o primeiro dos 36 que o Brasil comprou em 2014, confirmand­o uma decisão de 2013 que pôs fim a mais de uma década de negociaçõe­s.

Os aparelhos custarão 39,3 bilhões de coroas suecas (R$ 24 bilhões nos valores de hoje), financiada­s por 25 anos. Os primeiros modelos deverão ser entregues para operação em 2021, e o último deste contrato, em 2026.

“Nós estamos seguindo o cronograma de entrega dos caças”, afirmou em nota o presidente da Saab, Micael Johansson.

O Brasil encomendou oito modelos com dois lugares, denominado­s Gripen F. O tipo E, igual ao pilotado nesta tarde, tem um assento.

O modelo F não existia quando o contrato foi assinado, abrindo a possibilid­ade de que engenheiro­s brasileiro­s da Embraer e de outras empresas associadas ao projeto aprendam a desenhar e construir o avião.

O caça Gripen E da FAB levanta voo do aeroporto de Navegantes (SC) rumo à pista da Embraer em Gavião Peixoto (SP), em seu primeiro trajeto no país

“O programa Gripen será uma grande oportunida­de para aumentar nosso conhecimen­to no desenvolvi­mento e manufatura de uma aeronave avançada de combate”, afirmou o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Jackson Schneider.

Mais de 230 brasileiro­s já foram treinados na sede da Saab, número que chegará a 350. Hoje, a defesa aérea do país se resume a 46 antigos caças americanos F-5.

“O Gripen impulsiona uma parceria que fomenta a pesquisa e o desenvolvi­mento industrial dos dois países”, afirmou o ministro Fernando Azevedo (Defesa). Para o comandante da FAB, Antonio Bermudez, o avião será “a espinha dorsal da aviação de caça”.

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João Paulo Moralez/Divulgação Saab

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