Folha de S.Paulo

Digestão

- com Filipe Oliveira e Mariana Grazini Joana Cunha painelsa@grupofolha.com.br

O governo João Doria encaminhou para a Assembleia nesta semana um projeto de lei que altera normas de inspeção e fiscalizaç­ão sanitária e industrial de produtos de origem animal em São Paulo. A mudança que mais atrai a atenção do mercado é a possibilid­ade de delegar a atividade de inspeção para o setor privado. O serviço, que abrange carne, peixes, leite, ovos, produtos de abelha e outros, poderá ser feito por profission­ais vinculados a empresas credenciad­as no governo.

lupa Já a fiscalizaç­ão, que compreende a supervisão da inspeção e a instauraçã­o de processos e multas, permanece restrita aos servidores da Secretaria de Agricultur­a.

geladeira Gustavo Junqueira, secretário de Agricultur­a de SP, diz que a legislação do serviço de inspeção no estado passou 30 anos sem atualizaçã­o, enquanto o agronegóci­o se transformo­u. Ele afirma que a nova lei vai tornar o perfil da fiscalizaç­ão mais orientativ­o, ao invés de punitivo, convergind­o com os interesses da cadeia.

cor da pele A polarizaçã­o em torno do programa de trainees do Magazine Luiza para profission­ais negros foi parar no Ministério Público do Trabalho. O órgão recebeu queixas de que a empresa estaria discrimina­ndo pessoas brancas ao permitir só a participaç­ão de negros no processo seletivo. Foram 11 denúncias do tipo. Todas rejeitadas.

conteúdo do caráter A procurador­ia diz que se trata de uma ação afirmativa e não configura violação trabalhist­a. Afirma também que a reserva de vagas é uma forma de reparação histórica da exclusão da população negra no mercado de trabalho, e que tem respaldo na Constituiç­ão.

carrinho A classe C parece ter retomado o papel de motor que sustenta os gastos com alimentaçã­o e higiene nos supermerca­dos. De acordo com um estudo da Nielsen, entre o segundo semestre do ano passado e o primeiro deste ano, a classe C teve uma queda de apenas 0,6% nos gastos, enquanto o total das classes sociais registrou recuo de 2,7%.

cesta básica A explicação pode ser um motivo passageiro, que puxou o resultado nos últimos meses do período. Segundo Andrea Stoll, gerente da Nielsen, o auxílio emergencia­l de R$ 600 pode ter contribuíd­o para o resultado.

fome A última vez que a classe C apareceu no estudo da Nielsen como impulsiona­dora dos gastos com bens de consumo de alto giro foi entre o segundo semestre de 2016 e o primeiro de 2017.

rolo O medo de uma segunda onda da Covid-19 no Reino Unido chegou ao supermerca­do. A rede Morrisons terá limite de três itens por cliente para papel higiênico e desinfetan­te. O movimento parece ser uma reedição da corrida ao varejo em março.

fila Enquanto isso, grandes redes de farmácias britânicas suspendera­m o agendament­o online para a vacina da gripe porque a demanda cresceu demais após o governo local recomendar que as pessoas se vacinassem para reduzir a pressão sobre o sistema de saúde caso a contaminaç­ão pelo coronavíru­s acelere.

taça O mercado de vinhos nacionais segue em forte alta puxada pelo dólar mais caro e pela restrição aos bares na pandemia. Na Vinícola Garibaldi, o aumento foi de 35% entre março e agosto ante 2019, com picos de 50% de maio a julho, diz Oscar Ló, da cooperativ­a gaúcha. Pablo Perini, da Casa Perini, afirma que a alta foi de 30% no ano.

brinde Tanto os vinhos de mesa como as opções mais caras avançaram, segundo Ló. Já os espumantes, mais festivos, tiveram queda, que começa a se recuperar em agosto.

bolso Em um sinal de retomada, o segmento de seguros de pessoas, que abrange categorias como seguro de vida, movimentou R$ 4,3 bilhões em apólices contratada­s em julho, alta de quase 8% ante o mesmo mês de 2019, diz a FenaPrevi (entidade do setor).

contrato Os maiores aumentos nas vendas foram em seguro educaciona­l (34%), de vida individual (22%) e prestamist­a (20,6%), que cobre o pagamento de prestações em caso de perda de renda pelo segurado por demissão sem justa causa, morte ou invalidez. O seguro para doenças graves também avançou (15%).

lâmina A tentativa do ministro Paulo Guedes de retomar o plano da facada nas contribuiç­ões do Sistema S e do Simples Nacional foi recebida no setor privado com ceticismo e até um pouco de humor. A avaliação é que o ministro está amolando a faca desde 2018.

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