Funcionário diz que vaga de empresa não é aberta para mulher e gera revolta
A resposta de uma negativa de estágio para uma estudante de medicina veterinária, por parte de uma empresa de agropecuária de Cuiabá (MT), ganhou repercussão nas redes sociais. O motivo: o fato de a aluna ser mulher.
“A Matsuda segue a política de não contratar mulheres para o departamento técnico. Infelizmente não posso te ajudar”, dizia a mensagem recebida em agosto pela estudante, que pediu o anonimato.
O email é assinado pelo médico-veterinário Markus Vinicius, do departamento comercial da Matsuda, que é voltada para produção de sementes e nutrição animal.
A empresa o afastou de suas funções para apurar o caso e também para verificar como o email da estudante chegou até ele, já que não faz parte dos recursos humanos.
Em nota, o grupo Matsuda diz que prima pela diversidade na formação de seu quadro de funcionários, “não aceitando discriminação. Entretanto, reconhecemos que houve uma falha de um dos nossos colaboradores, o que causou grande desconforto”.
Procurado, Markus Vinícius não atendeu as ligações nem mensagens.
Na última semana, com a repercussão do email da aluna nas redes sociais, mulheres fizeram críticas e questionaram a empresa na página da Matsuda Agronegócios no Instagram sobre o episódio.
Em uma das respostas, a Matsuda voltou a falar de limitação no campo para mulheres. “Cada região tem a sua política. Temos várias técnicas no nosso departamento, porém há regiões em que o atendimento é muito complicado em virtude de ter que andar com territórios com várias ocorrências perigosas e a empresa se preocupa em proteger as mulheres em áreas consideradas problemáticas. Às vezes tem que andar 200 a 300 km no meio do nada, de dia ou de noite. Existem diversas situações.”
Em outra resposta, disse que várias mulheres trabalham na empresa, em todas as áreas, e estar aberta a visitas.
Procurada pela reportagem, a Matsuda, em nota, disse que 41% de seus colaboradores são mulheres, tanto no quadro administrativo quanto no departamento técnico. “Repudiamos qualquer tipo de discriminação e salientamos que nossa diretoria é composta por oito pessoas, sendo que quatro são mulheres.”
A estudante, autora do pedido de estádio, está no 7º semestre do curso e se diz decepcionada com a empresa, que sempre tomou como referência no mercado. “Eu me amparei nos amigos e família. O email só viralizou porque uma amiga minha decidiu postar. Eu não tinha a intenção de expor ninguém.”
Logo após a repercussão, segundo a universitária, o mesmo representante da empresa enviou a ela outro email, no qual dizia que não havia se expressado de forma clara. “Não é política da Matsuda o que você entendeu. A empresa concede oportunidades baseada na qualificação desejada para cada função, independentemente do sexo, cor ou religião desde que haja vaga para a função.”