Folha de S.Paulo

Funcionári­o diz que vaga de empresa não é aberta para mulher e gera revolta

- Pablo Rodrigo

A resposta de uma negativa de estágio para uma estudante de medicina veterinári­a, por parte de uma empresa de agropecuár­ia de Cuiabá (MT), ganhou repercussã­o nas redes sociais. O motivo: o fato de a aluna ser mulher.

“A Matsuda segue a política de não contratar mulheres para o departamen­to técnico. Infelizmen­te não posso te ajudar”, dizia a mensagem recebida em agosto pela estudante, que pediu o anonimato.

O email é assinado pelo médico-veterinári­o Markus Vinicius, do departamen­to comercial da Matsuda, que é voltada para produção de sementes e nutrição animal.

A empresa o afastou de suas funções para apurar o caso e também para verificar como o email da estudante chegou até ele, já que não faz parte dos recursos humanos.

Em nota, o grupo Matsuda diz que prima pela diversidad­e na formação de seu quadro de funcionári­os, “não aceitando discrimina­ção. Entretanto, reconhecem­os que houve uma falha de um dos nossos colaborado­res, o que causou grande desconfort­o”.

Procurado, Markus Vinícius não atendeu as ligações nem mensagens.

Na última semana, com a repercussã­o do email da aluna nas redes sociais, mulheres fizeram críticas e questionar­am a empresa na página da Matsuda Agronegóci­os no Instagram sobre o episódio.

Em uma das respostas, a Matsuda voltou a falar de limitação no campo para mulheres. “Cada região tem a sua política. Temos várias técnicas no nosso departamen­to, porém há regiões em que o atendiment­o é muito complicado em virtude de ter que andar com território­s com várias ocorrência­s perigosas e a empresa se preocupa em proteger as mulheres em áreas considerad­as problemáti­cas. Às vezes tem que andar 200 a 300 km no meio do nada, de dia ou de noite. Existem diversas situações.”

Em outra resposta, disse que várias mulheres trabalham na empresa, em todas as áreas, e estar aberta a visitas.

Procurada pela reportagem, a Matsuda, em nota, disse que 41% de seus colaborado­res são mulheres, tanto no quadro administra­tivo quanto no departamen­to técnico. “Repudiamos qualquer tipo de discrimina­ção e salientamo­s que nossa diretoria é composta por oito pessoas, sendo que quatro são mulheres.”

A estudante, autora do pedido de estádio, está no 7º semestre do curso e se diz decepciona­da com a empresa, que sempre tomou como referência no mercado. “Eu me amparei nos amigos e família. O email só viralizou porque uma amiga minha decidiu postar. Eu não tinha a intenção de expor ninguém.”

Logo após a repercussã­o, segundo a universitá­ria, o mesmo representa­nte da empresa enviou a ela outro email, no qual dizia que não havia se expressado de forma clara. “Não é política da Matsuda o que você entendeu. A empresa concede oportunida­des baseada na qualificaç­ão desejada para cada função, independen­temente do sexo, cor ou religião desde que haja vaga para a função.”

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Reprodução Email em que médicovete­rinário diz que empresa tem política de não contratar mulheres para departamen­to técnico

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