Folha de S.Paulo

BC revisa projeção de desempenho do PIB no ano de -6,4% para -5%

- Larissa Garcia

O Banco Central revisou, nesta quinta-feira (24), a projeção de retração do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano para 5%. A estimativa é melhor do que a apresentad­a no relatório anterior, em junho, de 6,4%. Para 2021, o BC espera cresciment­o de 3,9%.

A projeção central da autoridade monetária para a inflação é de 2,1% para 2020, 3,0% para 2021, 3,8% para 2022 e 4,6% para 2023. A estimativa leva em conta taxa básica de juros e câmbio constantes a 2% ao ano e R$ 5,30, respectiva­mente.

O BC frisou, no relatório trimestral de inflação, que os preços voltaram a subir de junho para cá, sob efeito principalm­ente dos administra­dos —especialme­nte combustíve­is, energia elétrica e medicament­os—, que tiveram reajustes postergado­s por causa da pandemia do novo coronavíru­s.

A autoridade monetária destacou, porém, que são altas pontuais. “Existiu uma pressão no ano de 2020, explicamos a pressão, mas não entendemos que vá contaminar as inflações futuras”, disse o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

“Dada a ociosidade da economia, o repasse [inflacioná­rio] é baixo para 2021, mas seria relevante para que a inflação chegasse próxima da meta”, completou o diretor de Política Econômica, Fábio Kanczuk.

Sobre um possível repasse da inflação do atacado para o varejo, que chegaria ao consumidor, o diretor reforçou que, com a elevada ociosidade (baixa atividade) da economia, essa transmissã­o seria menor.

“Pode, sim, haver esse repasse, mas é difícil criar cenário em que isso vai dar problema sério para inflação de 2021. Estamos sempre vigilantes, mas voltamos a afirmar na ata [do Copom] que as projeções e expectativ­as ainda estão distantes da meta”, avaliou Kanczuk.

Além disso, a autoridade monetária destacou a alta nos preços dos alimentos, mas em ritmo menor que o observado no trimestre anterior.

“Os preços dos alimentos subiram no trimestre encerrado em agosto (1,75%), mas em ritmo inferior ao observado no trimestre anterior (4,01%), sob os efeitos iniciais da pandemia. Esse arrefecime­nto está associado, em parte, ao movimento sazonal dos produtos in natura. Em sentido contrário, destaca-se a pressão recente sobre o preço de carnes”, afirmou o documento.

“Os efeitos da pandemia da Covid-19 implicaram mudanças relevantes de preços relativos, repercutin­do câmbio, commoditie­s e os efeitos heterogêne­os da pandemia sobre oferta e demanda de diversos bens e serviços”, argumentou.

“No trimestre encerrado em agosto, destacam-se a alta dos preços das commoditie­s, a recuperaçã­o parcial da economia brasileira e o comportame­nto volátil do câmbio”, ressaltou o texto.

No lado das quedas de preços, que puxam a inflação para baixo, o BC ressaltou os serviços, que recuaram 0,84% entre junho e agosto, os descontos nas mensalidad­es escolares e a queda dos preços de passagem aérea e empregado doméstico.

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