Manaus tem nova alta de casos e recua de reabertura
Estado mandou fechar bares, mas liberou volta às aulas do ensino fundamental
Pouco mais de três meses depois de atingir pico da pandemia de Covid-19, com média de mais de 60 mortes diárias e corpos enterrados em covas coletivas, Manaus enfrenta uma nova tendência de aumento de casos e recua na flexibilização dos serviços não essenciais.
A capital amazonense voltou a fechar bares, casas noturnas, clubes, flutuantes, praias e balneários a partir desta quinta (25), de acordo com decreto estadual, anunciado na quarta (23) pelo governador Wilson Lima (PSC).
O texto ainda restringe o funcionamento de restaurantes e lojas de conveniência, que agora só podem ficar abertos até as 22h e sem som ao vivo, e limita o público de feiras e exposições a 40% da lotação do espaço.
Por outro lado, o estado anunciou a retomada das aulas do ensino fundamental das escolas da rede estadual de Manaus para o dia 30 de setembro. Os estudantes do ensino médio voltaram às aulas presenciais em 10 de agosto. As aulas na rede privada retornaram ainda em julho.
No interior do estado ainda não há previsão para a retomada das aulas da rede pública.
Assim como no ensino médio, as aulas do fundamental serão híbridas, com dois dias de aulas presenciais e dois dias de aulas a distância, ou via internet ou pela televisão.
Mesmo com a promessa de adaptação de todas as escolas para atender às regras de distanciamento social e higienização, a medida causou descontentamento entre os professores. O Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas) emitiu uma nota pública onde critica a medida e cobra a suspensão das aulas do ensino fundamental.
Já a Assprom Sindical anunciou, horas depois do pronunciamento do governador, uma assembleia geral para deliberar sobre uma possível greve dos professores do ensino fundamental.
O sindicato argumenta que mais de 2.000 professores tiveram teste positivo para Covid-19 após o retorno das aulas do ensino médio. A Seduc apresentou dados da FVSAM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) que apontam que, dos 8.129 profissionais da educação testados para Covid-19, 2.094 apresentaram resultado positivo, mas “fora do período de transmissão”, e “apenas 448” estavam com o vírus no período de transmissão. Estes foram afastados por 14 dias.
Para o governo do Amazonas, a volta às aulas não impactou no aumento de casos de Covid-19.
“Não é o retorno às aulas que está promovendo essa tendência de aumento na capital. São as aglomerações. Eu não vou deixar balada aberta e escola fechada”, disse Wilson Lima.
As novas regras também estabelecem horário de encerramento de eventos sociais, como aniversários e casamentos previamente autorizados, que além de obedecerem à lotação máxima de 50% do espaço, não poderão passar da meia-noite.
Dados da FVS-AM apontam alta de 55,9% no número de casos de Covid-19 entre as semanas epidemiológicas 37 (de 6 a 12 de setembro) e 38 (13 a 19 de setembro), em Manaus. Nesse período, o número de casos passou de 1.384 na semana 37 para 2.157 na semana seguinte.
A média móvel de casos também vem subindo, segundo a FVS-AM. Em 5 de setembro ela era de 231 novos casos por dia e, no dia 19, passou para 308, um aumento de 33%. Apenas três dias depois, no dia 22 de setembro, a média móvel aumentou para 314,5 casos por dia.
As aglomerações levaram o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), a interditar novamente o principal balneário e ponto turístico da cidade: a praia da Ponta Negra, fechada desde o último final de semana.