Lava Jato denuncia Wassef, ex-advogado dos Bolsonaros, sob acusação de lavagem
são paulo | uol O advogado Frederick Wassef, que já representou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi denunciado nesta sexta (25) pelo Ministério Público Federal sob suspeita de lavagem de dinheiro e peculato.
A denúncia é um desdobramento da Operação E$quema S, que apura desvios de entidades do Sistema S do Rio de Janeiro.
Além dele, foram denunciados Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio-RJ, o empresário Marcelo Cazzo e as advogadas Luiza Nagib Eluf e Marcia Carina Castelo Branco Zampiron. O grupo é acusado de crimes cometidos a partir do desvio de R$ 4,6 milhões das seções fluminenses do Sesc, do Senac e da Fecomércio.
De acordo com os procuradores, os desvios ocorreram de dezembro de 2016 a maio de 2017, sob pretexto de prestação de serviços advocatícios à Fecomércio-RJ.
Desse valor, R$ 2,68 milhões teriam ficado com Wassef, segundo a denúncia. O contrato foi assinado com o escritório de Luiza Eluf.
Wassef disse que prestou os serviços e recolheu impostos, mas destacou que sua cliente era Eluf, e não a Fecomércio. Ex-procuradora do MP, ela negou crimes e disse que prestou os serviços para os quais foi contratada.
A defesa de Cazzo disse que apresentará provas de sua inocência e chamou a denúncia de descabida.
As investigações apontaram que o escopo contratual era falso, porque ou os serviços não foram prestados ou foram prestados no interesse exclusivo de Orlando Diniz —para, por exemplo, perseguição de adversários pessoais, segundo o MPF.
Segundo os procuradores, os valores desviados eram públicos. “Os recursos dos Sescs e Senacs têm origem pública, pois a Receita Federal repassa de contribuições sobre folhas de pagamento de empresas comerciais para eles investirem na capacitação e bem-estar de comerciários”, diz nota do MP.
Wassef rebateu os argumentos e disse que os serviços foram prestados. “Os serviços advocatícios foram devidamente prestados, os honorários foram declarados à Receita Federal e os impostos pagos”, afirmou, em nota.
A defesa da advogada Luiza Eluf afirmou que ela prestou os serviços cobrados. “Luiza Eluf reforça que não praticou crime algum, que o serviço foi prestado conforme contrato, as notas emitidas, os tributos recolhidos, e sua inocência será comprovada”, disseram Izabella Borges e Maíra Fernandes, que defendem a ex-procuradora.
Marcia Zampiron afirmou ter prestado os serviços e se sentir injustiçada. A defesa de Orlando Diniz, que fechou acordo de colaboração premiada, não foi localizada.