Folha de S.Paulo

Todos os fãs de Bolsonaro

- Ruy Castro

Iludem-se os que acreditam que Jair Bolsonaro só tem adeptos entre a meia dúzia que vai vê-lo quando ele sai do Alvorada para, digamos, trabalhar. Bolsonaro tem seguidores em muitas categorias. Eis algumas.

Pecuarista­s, madeireiro­s, garimpeiro­s, grileiros e incendiári­os infiltrado­s na Amazônia, no Pantanal, na mata atlântica, nos manguezais, restingas, dunas, terras indígenas e quaisquer santuários que possam ser destruídos e enriquecer amigos. Ex-cupinchas da Velha Política, sempre prontos a ser comprados. Profission­ais das bancadas do boi, da bala e da Bíblia. Assessores de gabinete dispostos a ceder 80% de seus salários pagos com dinheiro público, lavá-los e depositá-los nas contas de seus familiares. Formadores de quadrilha, praticante­s de peculato e operadores de esquemas, investigad­os, denunciado­s ou réus em ações judiciais. Juízes complacent­es e advogados corruptos. Lobistas diversos, íntimos dos 01, 02 e 03.

Militares ideológico­s, fãs confessos de torturador­es, ou apenas oportunist­as, afim de cargos no governo. PMs expulsos, delegados venais, chefes de milícias e matadores de aluguel, presos ou foragidos. Fabricante­s de armas e “colecionad­ores” das ditas. Pastores evangélico­s, animadores de televisão, cantores sertanejos e promotores de rodeios, todos felizes beneficiár­ios das novas mamatas.

Negacionis­tas, homófobos, terraplani­stas, camelôs de cloroquina, disparador­es de fake news, linchadore­s virtuais, incinerado­res de livros, fascistas assumidos e odiadores por atacado. E uma próspera alcateia de bolsonaros, composta de filhos, mulheres, ex-mulheres, mães, noras e aliados do presidente, dedicados avultosas transações com dinheiro vivo e sem explicação contábil, às vezes transporta­do entre as nádegas.

Bolso na rotem também seguidores bem intenciona­dos, que não se veem nas categorias acima e acham que, com ele, a corrupção acabou.

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