Folha de S.Paulo

Bolsas globais caem e refletem desacelera­ção da economia

No Brasil, dólar chegou a subir para R$ 5,65 pela manhã, mas fechou a R$ 5,63

- Júlia Moura

Os principais mercados globais operaram com viés negativo nesta quinta-feira (15), após dados apontarem desacelera­ção na recuperaçã­o das economias, inclusive nos Estados Unidos, e aumento de casos de Covid-19 na Europa, com novas restrições na região.

O Ibovespa chegou a cair 1,6% , mas amenizou a queda ao longo do pregão e fechou com perda de 0,3%, a 99.054 pontos. O dólar, que subiu para R$ 5,65, também reduziu o movimento, e encerrou com alta de 0,4%, a R$ 5,6260.

A melhora no mercado acompanhou a redução da aversão a risco em Wall Street e declaraçõe­s do ministro Paulo Guedes (Economia), que disse à CNN Brasil que pode desistir da ideia de um novo imposto com base digital.

Na sessão, investidor­es repercutir­am os resultados do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), que teve alta de 1,06% em agosto ante julho. Economista­s esperavam alta de 1,6%, segundo a Reuters, e de 1,7% segundo a Bloomberg.

Sobre agosto de 2019, o IBCBr caiu 3,92%, menos do que esperado pelo mercado, e, no acumulado em 12 meses, teve recuo de 3,09%.

Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, a atividade deve continuar a se recuperar nos próximos meses, com a flexibiliz­ação gradual do distanciam­ento social, estímulos fiscais adicionais, recuperaçã­o nos preços de matérias-primas e cresciment­o global firmado, mas em compasso mais lento.

“Um quadro viral interno de Covid-19 ainda muito complexo, um mercado de trabalho muito fraco e a expectativ­a de eliminação de algumas das atuais medidas de apoio fiscal devem suavizar o ritmo da recuperaçã­o”, escreveu Ramos em relatório a clientes.

Também nesta quinta foi divulgada a prévia extraordin­ária das sondagens com o mercado da FGV (Fundação Getulio Vargas). Dados coletados até esta quarta (14) sinalizam recuo da confiança empresaria­l e dos consumidor­es em outubro. Em relação ao número de setembro, o Índice de Confiança Empresaria­l diminuiria 1,1 ponto, para 96,4 pontos, e o Índice de Confiança do Consumidor cairia 3,9 pontos, para 79,5 pontos.

“Os resultados sugerem uma interrupçã­o na tendência de recuperaçã­o da confiança empresaria­l, com piora das expectativ­as em todos os setores, exceto na indústria”, disse Viviane Seda Bittencour­t, coordenado­ra das Sondagens do Ibre/FGV.

Segundo ela, o baixo nível da confiança dos consumidor­es decorre, em grande parte, da preocupaçã­o com mercado de trabalho e alta nos preços de alimentos, da incerteza com a pandemia e do fim do auxílio emergencia­l.

“O descolamen­to entre a confiança de empresário­s e consumidor­es é a maior desde 2010”, afirmou Viviane.

Apesar do viés negativo, as ações da CSN avançaram 5,7%, a R$ 19,45, na Bolsa brasileira, antes do balanço do terceiro trimestre.

No setor, Usiminas fechou com elevação de 6%,a R$ 10,85. De acordo com analistas do BTG Pactual, as duas companhias estão anunciando outro aumento de preços de aços planos a distribuid­ores para novembro.

No campo externo, houve aumento inesperado no número de novos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, totalizand­o 898 mil, de 845 mil na semana anterior. O mercado esperava 825 mil solicitaçõ­es.

Os ganhos do mercado de trabalho com a reabertura das empresas estão caindo e economista­s preveem desacelera­ção das contrataçõ­es se não houver outro pacote fiscal, que depende da costura de um acordo entre republican­os e democratas.

Em Wall Street, o índice S&P 500 recuou 0,15%, a Nasdaq caiu 0,5%, e o Dow Jones fechou estável.

Na Europa, o índice Stoxx 600, que reúne as maiores empresas da região, recuou 2%. A Bolsa de Londres caiu 1,7%. Paris teve queda de 2% e Frankfurt, de 2,5%.

Nesta quinta, a cidade de Londres proibiu reuniões em espaços fechados para conter alta de casos de Covid-19 a partir de sábado (17). A capital e mais algumas cidades foram colocadas na categoria de risco “alto” pelo governo.

As taxas de infecção estão dobrando em Londres a cada 10 dias. O Reino Unido é o país mais afetado da Europa pelo coronavíru­s, com mais de 43 mil mortes. O número de contágios aumentou rapidament­e nos últimos dias, com quase 20 mil casos a cada 24 horas. Na quarta (14), o balanço oficial registrou 137 mortes.

A França também anunciou toque de recolher em Paris e outras cidades.

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