Folha de S.Paulo

Lucro dos bancos cai 31,9% no 1º semestre em meio a pandemia

- Larissa Garcia

A pandemia do novo coronavíru­s provocou queda de 31,9% no lucro dos bancos no primeiro semestre, em relação ao mesmo período de 2019, segundo relatório divulgado pelo Banco Central nesta quinta (15).

Nos primeiros seis meses do ano, as instituiçõ­es tiveram ganhos de R$ 40,8 bilhões —R$ 22,4 bilhões no primeiro trimestre e R$ 18,4 bilhões no segundo.

“Acreditamo­s que o lucro dos bancos sofra redução na faixa de 30% a 35%, devendo encerrar o ano em torno de R$ 85 bilhões. Então ainda deve ter certa retração na rentabilid­ade dos bancos até o fechamento do ano”, estimou o diretor de regulação do BC, Paulo Souza.

Segundo a autoridade monetária, a principal razão para a queda do lucro do sistema financeiro foi o maior nível de provisiona­mento dos bancos para perdas com crédito por causa da pandemia.

Provisão é o valor que o banco deve manter em caixa para assegurar as operações de crédito.

O relatório do BC apontou preocupaçã­o com o fim dos auxílios do governo federal e com o término do adiamento de parcelas de empréstimo­s, concedido pelos bancos no início da crise.

Para a autarquia, as medidas podem ter postergado o aumento da inadimplên­cia, chamado de risco de crédito.

A autoridade monetária projeta que, no pior cenário, a inadimplên­cia fique em torno de 4% no primeiro trimestre do próximo ano.

Segundo Souza, porém, os calotes devem ficar abaixo do pico, em maio de 2017, quando o índice alcançou 4,04%. Em agosto, último dado divulgado pelo BC, a inadimplên­cia estava em 2,65%.

“A fim de mitigar esse risco, o sistema elevou o volume de provisões e apresentav­a, em junho de 2020, um dos maiores índices de cobertura de Ativos Problemáti­cos (APs) da série”, afirmou o relatório do BC.

Os resultados dos testes de estresse, no entanto, demonstram que o sistema bancário é capaz de absorver o nível de perdas em todos os cenários simulados.

O BC fez uma simulação específica para os efeitos da Covid-19 na economia e no sistema financeiro. No relatório anterior, o teste apontou que, no pior cenário, os bancos levariam três anos para recompor os níveis anteriores à crise.

Neste documento, houve melhora de 50% no cenário, mas não foi especifica­do quanto tempo seria necessário para a retomada.

O choque estimado pela autoridade monetária faria com que o índice de Basileia, usado para medir o nível de saúde financeira dos bancos, caísse de 18,6% para 14,5%.

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