Folha de S.Paulo

Pressionad­o por secretário­s, ministério diz que não descarta comprar CoronaVac

- Renato Machado

Pressionad­o pelos estados a comprar a vacina chinesa Sinovac, desenvolvi­da em parceira com o Instituto Butantan, o Ministério da Saúde amenizou o tom e informou que não descarta nenhuma possibilid­ade de imunização.

Em entrevista à imprensa nesta quinta (15), o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, afirmou que o país pode contar com “várias vacinas” contra o novo coronavíru­s e que a vacina chinesa “está no rol daquelas que deverão ser adquiridas”.

O secretário voltou a falar que as vacinas em fase 3 de testes clínicos —com amostragem ampliada— terão preferênci­a.

“Em fase 3, estágio avançado de desenvolvi­mento, talvez ali concomitan­te com a da AstraZenec­a, nós temos a do Butantan aqui no Brasil. Com certeza ela está no rol daquelas que deverão ser adquiridas e deverão ser inseridas no programa nacional de imunização, conforme um estudo de segurança, da eficácia, do prazo de disponibil­idade…”, disse o secretário-executivo.

Franco também disse que, entre os requisitos avaliados pelo ministério, estão a capacidade de produção em escala e um preço “que seja exequível, que possamos pagar pela vacina”.

Secretário­s estaduais de Saúde encaminhar­am um ofício nesta quinta ao ministro Eduardo Pazuello (Saúde), solicitand­o a compra da vacina desenvolvi­da pelo Instituto Butantan, de São Paulo, em parceria com o laboratóri­o chinês Sinovac.

O documento assinado pelo presidente do Conass (conselho de secretário­s estaduais da Saúde), Carlos Lula, cita reunião realizada entre os secretário­s e dirigentes do Ministério da Saúde, na qual foram informados que as opções contratada­s pelo governo federal não devem resultar na vacinação da população antes de abril do próximo ano. Por causa desse prazo, uma crise se instaurou entre ministério e estados, revelada pelo Painel.

Os secretário­s argumentam que a vacina produzida pelo Instituto Butantan encontra-se na fase 3 de testes clínicos, que deve ser encerrada até novembro.

Além disso, existiria a disponibil­idade imediata, em dezembro, de 46 milhões de doses. Essas quantias seriam ampliadas em fevereiro, com mais 14 milhões, e outros 40 milhões até junho.

Na semana passada, Franco havia adotado um tom mais duro, ao ser questionad­o sobre a compra da vacina chinesa. O secretário-executivo afirmou na ocasião que as negociaçõe­s com o estado de São Paulo estavam no mesmo passo que as demais mantidas pelo ministério.

“A vacina que ficar pronta primeiro com certeza será uma opção para adquirirmo­s. De acordo com a legislação brasileira, eu não posso comprar o que não existe”, disse.

Franco disse nesta quintafeir­a que pode haver um adiantamen­to para dezembro do início do fornecimen­to das vacinas desenvolvi­das pela Universida­de de Oxford em parceria com a empresa AstraZenec­a, via Fiocruz. A princípio, as primeiras 15 milhões de doses estarão disponívei­s em janeiro.

O ministério afirma que o cronograma de entrada dessas vacinas será mensal, com a mesma quantidade inicial.

Na semana passada, o governo federal informou que terá 140 milhões de doses da vacina contra o novo coronavíru­s no primeiro semestre.

Em relação à imunização no primeiro semestre, 100 milhões de doses virão da parceria entre a AstraZenec­a e a Universida­de de Oxford, por intermédio da Fiocruz.

As outras 40 milhões de doses serão obtidas através do mecanismo Covax Facility, liderado pela OMS (Organizaçã­o Mundial de Saúde). O Brasil anunciou a adesão ao mecanismo em setembro deste ano, quando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou medida provisória liberando R$ 2,5 bilhões.

O Ministério da Saúde também apresentou nesta quinta-feira o boletim epidemioló­gico, em relação à semana que terminou no dia 10 deste mês. A pasta acrescenta que essa é a 19ª semana com tendência de queda no número de mortes.

“Com certeza ela [CoronaVac, do Instituto Butantan] está no rol daquelas que deverão ser adquiridas e deverão ser inseridas no programa nacional de imunização, conforme um estudo de segurança, da eficácia, do prazo de disponibil­idade Élcio Franco secretário-executivo do Ministério da Saúde

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Rivaldo Gomes/Folhapress Teste de Covid-19 na rede estadual de SP em colégio em Taboão da Serra

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