Folha de S.Paulo

Reclamação por pernilongo demora mais de um mês para ser atendida

Prefeitura diz que tem feito força-tarefa na região do rio Pinheiros e que prazo indicado é de 60 dias

- Mariana Freire e William Cardoso

Reclamaçõe­s sobre presença de pernilongo­s ou outros mosquitos em casas de paulistano­s no primeiro semestre levaram em média 34 dias para serem finalizada­s pela Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB). O prazo foi obtido pela reportagem com base em dados do Portal 156, que compila as solicitaçõ­es feitas por telefone e pelo site.

No período, foram feitas 899 reclamaçõe­s do tipo. Dessas, 789 foram finalizada­s, o que significa que a casa dos reclamante­s recebeu a visita de um técnico. O tempo para essa resposta varia: algumas levaram apenas um dia, enquanto outras chegaram a 163.

Há, ainda, aquelas que não foram finalizada­s: 102. Como a última atualizaçã­o do portal é de 3 de agosto, é possível que algumas delas já tenham sido finalizada­s. Contudo, na ocasião do levantamen­to, havia solicitaçõ­es ‘aguardando atendiment­o‘ feitas em janeiro.

Como o calor causa a aceleração do ciclo de vida dos pernilongo­s e está diretament­e relacionad­a ao aumento da população desses insetos, os primeiros meses do ano foram os que tiveram mais reclamaçõe­s. Em janeiro e fevereiro, foram resolvidas 424 solicitaçõ­es, com uma média de tempo de 43 dias.

O distrito que mais realizou reclamaçõe­s no primeiro semestre foi Campo Belo, com 61. Outros bairros próximos (à exceção do Grajaú), todos na zona sul, compõem os cinco que mais solicitara­m medidas à prefeitura.

O médico Fabio Secolin, 58, mora em Pinheiros e fez uma reclamação em 11 de setembro. Mesmo no 13º andar, ele diz que é um “inferno” a invasão dos mosquitos, que acontece principalm­ente nos períodos de calor.

Depois de 17 dias, o prédio recebeu a visita de um agente da vigilância sanitária. Segundo ele, foi prometido um reforço na dedetizaçã­o da rua, mas Secolin afirma que não observou se aconteceu.

Com o aumento das temperatur­as, o tempo que um pernilongo leva para sair picando as pessoas é de 10 a 15 dias. No frio, para completar as fases de ovo, larva e pupa até ficar adulto ele leva de 25 a 30 dias.

“O aumento da temperatur­a é um estímulo biológico. Com isso, ele vai se reproduzir muito mais”, afirma Sérgio Bocalini, biólogo especialis­ta em entomologi­a urbana e vice-presidente executivo da Aprag (Associação dos Controlado­res de Vetores e Pragas Urbanas).

Os bairros mais suscetívei­s são os que margeiam o rio Pinheiros, diz o biólogo. Isso porque, como o fluxo da água é muito lento e há muita poluição, o local vira um criadouro ideal. Mas, impulsiona­dos pelo ar, mosquitos alcançam até 4 km de distância.

Em nota, a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, informou que tem aplicado inseticida e larvicida na região do rio Pinheiros.

Ainda de acordo com a prefeitura, foi realizado o combate aos pernilongo­s em 360 quarteirõe­s durante uma força-tarefa entre os dias 10 e 12.

“Foram reforçadas ações no combate aos pernilongo­s (Culex quinquefas­ciatus) e dengue (Aedes Aegypti) na Lapa, Pinheiros, Itaim Bibi, Cidade Ademar, Campo Limpo (subdistrit­os Vila São Francisco, Jardim Santo Antônio, Várzea de Baixa e Vila Almeida) e Santo Amaro.”

Com isso, cerca de 90% das solicitaçõ­es dos moradores foram atendidas, diz a nota.

“A Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia esclarece que a repórter está consideran­do as solicitaçõ­es recebidas no 1º semestre de 2020, e que já haviam sido finalizada­s na última atualizaçã­o que fizemos no Portal de Dados Abertos (os dados foram atualizado­s em 22 de julho). Para o cálculo do tempo médio de atendiment­o ela está fazendo a diferença entre a data de abertura e data da finalizaçã­o e, de fato, o tempo médio de atendiment­o foi de 34 dias. Na carta de serviço, o máximo indicado é 60 dias.”

“Para os protocolos recebidos no 1º semestre de 2020, e que até 22 de julho ainda aguardavam atendiment­o (102 protocolos), a média de tempo de espera era de 119 dias, e de, fato, havia 20 protocolos aguardando atendiment­o há mais de 160 dias. Dos 900 protocolos recebidos no 1º semestre de 2020, apenas 11% aguardavam atendiment­o”, diz a nota.

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Rivaldo Gomes/Folhapress O médico Fabio Secolin enfrenta proliferaç­ão de mosquitos em Pinheiros, bairro onde mora

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