Folha de S.Paulo

Com ‘Desalma’, Globoplay mira expansão para além do Brasil

Série de terror original da plataforma mostra face pouco conhecida do país por meio de rituais sombrios e bruxas

- Leonardo Sanchez Desalma Estreia no dia 22 de outubro, no Globoplay

O Brasil é um país de muitas faces, mas algumas delas ainda são ocultas para muita gente. Tradições e manifestaç­ões culturais de várias regiões costumam dar as caras em filmes, séries e novelas feitos aqui, mas é com certo ineditismo que a mais nova produção do Globoplay, “Desalma”, leva às massas uma cultura que é quase desconheci­da mesmo em terras brasileira­s.

“É um Brasil que não é muito o Brasil”, diz Ana Paula Maia, criadora e roteirista da série, sobre o cenário que escolheu para sua trama de tons sobrenatur­ais —o dos rituais promovidos em cidades de influência eslava no sul do país.

Com estreia marcada para a semana que vem na plataforma de streaming da Globo, “Desalma” se passa na cidadezinh­a fictícia de Brígida. Mas enquanto o lugar é invenção de Maia, os costumes e ritos que movimentam a trama encontram inspiração nas colônias ucranianas que ainda hoje preservam um pedaço de leste da Europa no Brasil.

“Elas são um outro mundo. Até as subdivisõe­s dos lugares têm outros nomes. É algo muito mesclado e muito rico, com uma paisagem lindíssima e envolta em mistérios.”

Esses mistérios atravessam os personagen­s do seriado, que se ancora no terror para acompanhar uma mulher que se muda com as filhas para a tal Brígida. A paz que procura, no entanto, é ameaçada pelo Ivana Kupala, celebração do solstício de verão que fora banida três décadas antes.

No elenco principal, estão Maria Ribeiro, Cláudia Abreu e Cassia Kiss, esta no papel de uma bruxa de longos cabelos brancos e semblante austero.

“Eu sempre fui cobrada para escrever sobre mulheres. Quando eu decidi falar sobre bruxaria, se tornou quase impossível não falar delas”, conta Maia, autora de livros premiados, como “Assim na Terra como Embaixo da Terra”.

“Quando a gente fala de bruxas, elas são muito mais interessan­tes que os bruxos —as mulheres evocam um mistério maior. E a bruxa que a gente conhece no Ocidente vem das tradições do leste europeu.”

Nesta investida no terror, o Globoplay busca se descolar da imagem de noveleira e alçar novos voos, mirando o mercado internacio­nal. Não é à toa que tanto a trama quanto a estética de “Desalma” ecoam produções estrangeir­as, como “Midsommar” e “Dark”.

Da última, pegou emprestado o designer de som Alexander Wurz, o que corrobora com a ideia de que a série quer extrapolar fronteiras, bem como fez a alemã “Dark”, um sucesso mundo afora apesar da suposta barreira do idioma.

“Eu acredito na possibilid­ade [de a série fazer sucesso lá fora]. Saber a gente não sabe, mas eu acredito que o projeto tem essa oportunida­de. Eu acho que a gente vai conseguir agradar a vários públicos.”

O Globoplay aposta alto, já que uma segunda temporada de “Desalma” está em desenvolvi­mento. Resta saber se a série vai enfeitiçar o público.

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Estevam Avellar/Globo Cassia Kiss e Nikolas Antunes em cena de ‘Desalma’

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