Com direito a navio de R$ 55 mi, cresce a demanda por megaiates no Brasil
porto alegre (rs) Uma mansão com vista para o mar. Ou melhor, uma mansão flutuante no mar. Assim são os barcos luxuosos, que levam meses para ficar prontos e têm áreas de até 350m², servindo de refúgio para quem pode pagar alguns milhões de reais.
Viagens internacionais restritas por causa da pandemia do coronavírus e a necessidade de manter distanciamento social ajudam a aquecer o mercado de grandes iates, mesmo com a crise econômica agravada.
“Em vez de ficar em casa, as pessoas optaram por ficar dentro da embarcação, seja veleiro ou super iate. Isso movimentou muito o setor pois se passou a ver a embarcação como um meio de estar em vários locais, mas com segurança”, diz Mané Ferrari, presidente da SanTur (Agência de Desenvolvimento do Turismo de Santa Catarina) e presidente licenciado da Acatmar (Associação Náutica Brasileira).
Em Santa Catarina, as marinas também foram fechadas no início da pandemia. Pesquisa da Acatmar com empresas do setor em todo país, incluindo escolas náuticas e estaleiros, mostrou que 50% dos estabelecimentos tiveram redução acentuada nos atendimentos aos cliente e 32% registraram queda moderada no faturamento durante o período da sondagem, feita entre 20 de abril e 5 de maio.
A flexibilização nas regras que permitiu a volta do atendimento é um dos fatores que ajudaram a aquecer o segmento, segundo Ferrari. “Com a reabertura, as pessoas entravam nas marinas, iam direto para suas embarcações, sem circulação. Os barcos eram higienizados e preparados para receber donos e familiares, com mínimo contato”, diz.
O estado tem 103 estruturas náuticas, como marinas, iates clubes e garagens. A maioria em Itajaí, com 45 estruturas. Também lá funciona o único estaleiro da fabricante de iates de luxo Azimut Yachts fora da Itália. Dos seis estaleiros da empresa, cinco são em território italiano. Desde 2010 no Brasil, a empresa já fabricou cerca de 300 barcos.
O faturamento da Azimut aqui subiu 25% no último ano, chegando a R$ 250 milhões. O chamado “ano náutico” é contabilizado de 31 de setembro de um ano a 31 de agosto do ano seguinte. Isso significa que o aumento contempla o auge da pandemia no país.
“Houve um primeiro momento de pânico, pela doença, contexto de total imprevisibilidade e a queda abrupta do sistema financeiro”, afirma Davide Breviglieri, presidente da empresa no Brasil.
“Depois os mercados voltaram mais ou menos aos níveis pré-pandemia. Ao mesmo tempo, viagens para fora estão limitadas e qualquer conceito de lazer tem a necessidade muito forte de distanciamento. Juntando tudo isso, fica claro que o lugar ideal para estar é em um barco. O contexto complexo e emergencial gerou aquecimento repentino do mercado náutico no geral”, explica Breviglieri.
Um empresário brasileiro comprou o megaiate 27 Metri, da Azimut, por R$ 55 milhões. Fabricado em Itajaí neste ano, é igual ao que o jogador de futebol Cristiano Ronaldo ostentado nas redes sociais.
Além desta unidade, com área total de 350 m², a empresa vendeu outros cincos megaiates 27 Metri. Cada um leva cerca de quatro meses para ficar pronto. Mas o planejamento pode levar até 8 meses.
“Já vendemos os barcos que produziremos até março e abril de 2021. Todo o meu verão está vendido. Isso mostra que o mercado está aquecido”, diz Breviglieri, que tem 450 funcionários diretos na empresa. Os barcos mais baratos da Azimut custam a partir de R$ 7,5 milhões.