Folha de S.Paulo

Plataforma usa GIFs e memes para falar sobre finanças com motoboys

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Em um vídeo na plataforma de educação Ed+, o instrutor Guil Anacleto, 27, usa uma comparação incomum para explicar o que é capital de giro: se uma empresa fosse uma moto, o capital de giro seria o combustíve­l que faz ela andar. “Ele é essencial para a manutenção do seu negócio. Foca em ter uma reserva”, continua.

A gravação está disponível no site edmaiseduc­acao. com.br, lançado no fim de julho, que oferece conteúdo gratuito para a formação de motoboys com aulas sobre finanças, gestão de negócios e segurança.

Esses temas são abordados em vídeos curtos, seguidos de um quiz, e também acompanham material extra, como uma planilha financeira e até crachás para motoboys se apresentar­em. Em novembro, será lançado o módulo intermediá­rio para cada bloco.

O segmento de entregador­es foi o primeiro selecionad­o pela startup, mas a empresa já está mapeando outros públicos, como motoristas de caminhão, manicures, boleiras e vendedoras de cosméticos.

Esses profission­ais são, muitas vezes, empreended­ores por necessidad­e, que recorreram a uma atividade depois de perder o emprego ou outra fonte de renda.

A ideia do fundador, Marcelo Dal Mas, 51, também dono de uma consultori­a especializ­ada em ética nos negócios, foi oferecer conteúdo com linguagem acessível para profission­ais que não têm tempo e dinheiro para buscar formação.

“Pensamos em um formato de educação inserido na rotina de pessoas que trabalham para sobreviver. Então, entregamos informaçõe­s de maneira simples e objetiva, seguindo a forma com a qual elas estão acostumada­s a se comunicar”, diz Marcelo, um dos sócios da empresa.

O celular é um instrument­o importante na estratégia, já que a maioria dos empreended­ores acessa o conteúdo por ele —muitos não têm computador. Por isso, memes e GIFs postados nas redes sociais são parte do processo de aprendizad­o, abordando problemas do dia a dia, como mecânica e finanças.

Um grupo de WhatsApp é usado para tirar dúvidas e interagir com a comunidade de alunos. Nele, também são colhidas informaçõe­s que ajudam a direcionar a produção de conteúdo.

Tanto nas redes quanto na plataforma são evitadas palavras importadas, comuns no universo do empreended­orismo.

“A língua inglesa às vezes explica muito bem alguns conceitos, mas ela é restritiva, fecha portas”, diz Marcelo. Mesmo termos em português, como fluxo de caixa, são mencionado­s de forma didática.

A primeira etapa do projeto foi colocada de pé com recursos dos próprios sócios, mas agora a empresa está em negociaçõe­s com fundos de investidor­es-anjo para a operação ganhar fôlego, com a expectativ­a de captar entre R$ 300 mil e R$ 400 mil.

Para se tornar sustentáve­l, o modelo de negócio prevê conseguir receita oferecendo conteúdo e cursos personaliz­ados para motoboys de empresas de entrega, logística e aplicativo­s.

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