Folha de S.Paulo

Reeleito, Bruno Covas seguirá em tratamento contra câncer sem previsão de término

Diagnostic­ado em outubro de 2019, tumor na cárdia, entre o estômago e o esôfago, hoje está controlado

- Claudia Colluci

são paulo Entre um compromiss­o e outro da campanha eleitoral, o prefeito Bruno Covas (PSDB) foi até o Hospital Sírio-Libanês na última quarta-feira (25) para mais uma aplicação de imunoterap­ia, tratamento que faz a cada três semanas desde fevereiro passado.

Uma semana antes, ele tinha feito exames de sangue de rotina. “Clinicamen­te está muito bem”, afirma o oncologist­a Tulio Eduardo Flesch Pfiffer, que acompanha Covas desde o início do diagnóstic­o de um câncer na cárdia (entre o estômago e o esôfago), em outubro de 2019.

Covas está com a doença controlada, segundo Pfiffer. Mas não há previsão de término para o tratamento.

A terapia consiste em injeções de uma medicação chamada pembrolizu­mabe. Elas são administra­das por meio de um cateter que o prefeito tem implantado no peito. As sessões duram 30 minutos.

A imunoterap­ia, que normalment­e dura dois anos, tem revolucion­ado o tratamento de vários tipos de câncer. No caso de Covas, além do tumor na cárdia, foram detectadas lesões no fígado e nos linfonodos ao lado do estômago.

Entre outubro de 2019 e fevereiro, o prefeito fez oito sessões de quimiotera­pia. As lesões cancerígen­as regrediram, mas não desaparece­ram por completo. Desde fevereiro, ele passou a fazer uso da imunoterap­ia.

Esse tipo de terapia não visa atacar as células do tumor, como na quimiotera­pia convencion­al, mas sim estimular as células de defesa do organismo para que elas combatam a doença.

Uma outra vantagem é que a imunoterap­ia tem menos efeitos colaterais do que a quimiotera­pia tradiciona­l.

Ainda que cerca de 10% dos pacientes que se submetem à imunoterap­ia tenham efeitos mais severos, como problemas renais, na tireoide ou hepatite, Covas não teve alteração associada ao remédio, segundo Pfiffer.

A cada três ciclos de imunoterap­ia, dois meses aproximada­mente, Covas faz exames laboratori­ais e de imagem (endoscopia, tomografia, ressonânci­a magnética e PET/Scan).

Na opinião do oncologist­a, o prefeito tem uma chance grande de uma resposta duradoura ao tratamento, ou seja, a regressão do câncer.

Na última bateria de exames, em setembro, o resultado foi promissor: o câncer nos linfonodos havia se reduzido pela metade.

A forma como Covas tem reagido ao enfrentame­nto da doença tem surpreendi­do a equipe médica. “Fisicament­e, está tirando tudo de letra. Emocionalm­ente, nunca se deixou abater.”

Em junho deste ano, Covas foi diagnostic­ado com Covid-19, afastou-se e retornou ao cargo duas semanas depois. No Sírio, não são raras as vezes em que ele chega sozinho para as sessões de imunoterap­ia.

Segundo Pfiffer, o prefeito tem sido transparen­te desde o início do diagnóstic­o, o que diminui as chances de rumores. Mas, ainda assim, eles se intensific­aram no período eleitoral. “Desde a primeira coletiva de imprensa, ele pediu para gente ser sincero e transparen­te com as informaçõe­s.”

Na reta final da campanha, voltaram a surgir rumores sobre a razão do emagrecime­nto do prefeito. Segundo o médico, não há relação nenhuma com o tratamento ou com a doença. É atribuído à correria do período eleitoral.

O oncologist­a diz que o prefeito está apto a realizar suas atividades pessoais e profission­ais sem maiores restrições.

Ainda que os oncologist­as sejam unânimes em ratificar o avanço da imunoterap­ia, eles reforçam que, por ora, não há garantias de que tumor não voltará a progredir mesmo com o tratamento.

Anos atrás, a doença evoluiria em meses, no máximo dois anos, de maneira fatal. Mas hoje essas novas drogas personaliz­adas possibilit­am respostas duradouras de médio e longo prazo.

A resposta, porém, vai de cada indivíduo, já que é o próprio organismo que conduz a batalha contra o tumor.

Portanto, não é possível saber se o tumor de Covas continuará regredindo até ocorrer uma “resposta completa” ou se voltará a progredir, piorando o quadro. Essa é uma resposta que ninguém tem.

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