Folha de S.Paulo

Obra na Aeronáutic­a oferecia risco de amputação, diz relatório

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brasília Os trabalhado­res de um canteiro de obras na Aeronáutic­a resgatados de condições análogas à escravidão corriam risco de choque elétrico, amputações, fraturas, lacerações e queda de pontos altos da estrutura metálica montada. O canteiro fica na Base Aérea de Anápolis (GO).

Os riscos foram detalhados em relatórios de vistoria feita por auditores fiscais e procurador­es do trabalho, os mesmos que fizeram o resgate dos trabalhado­res em razão das condições análogas à escravidão.

Os documentos embasaram o termo de embargo da obra. A decisão foi assinada pelo juiz do trabalho Vinicius Augusto de Paiva na sexta-feira (27).

Segundo os relatórios citados pelo juiz, os riscos de acidentes por choque elétrico existiam em razão de “partes vivas e expostas e total falta de aterrament­o na área de fabricação”. A falta de treinament­o dos trabalhado­res elevava o risco de fraturas e quedas.

Os documentos apontam existência de serra circular instável e sem proteção e pontas de vergalhões de aço desprotegi­das, gerando um risco de amputações e lacerações, segundo os relatórios.

O termo de embargo lista 13 irregulari­dades, como a falta de equipament­os de proteção individual e a exposição de instalaçõe­s elétricas.

“Os elementos probatório­s indicam a existência de graves violações da legislação trabalhist­a em matéria de segurança do trabalho, bem como condições precárias de trabalho e alojamento”, diz o juiz Paiva. “Tal situação pode degradar ainda mais a saúde física e mental dos trabalhado­res.”

O grupo móvel de combate ao trabalho escravo, formado por auditores e procurador­es, resgatou sete trabalhado­res que atuavam dentro da base aérea. Eles montavam um hangar que servirá para manutenção do avião cargueiro KC-390. A aeronave é uma das principais apostas da Força em termos de logística aérea.

A Justiça determinou rescisão dos contratos, pagamento das verbas rescisória­s e custe iode passagens, hospedagem e comida aos trabalhado­res que querem voltara suas cidades, a serem arcadas pela empresa contratada pela Aeronáutic­a, a Shox do Brasil Construçõe­s, responsáve­l pelo alojamento e pela obra.

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