Para ministro, país terá no máximo três opções
Eduardo Pazuello disse que são as que conseguem atender o país e que 15 milhões de doses devem chegar no início de 2021.
brasília O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que o estoque de 6,86 milhões de testes para detectar o coronavírus e que estão prestes a perder a validade é necessário para um país com as dimensões do Brasil.
O Ministério também informou que já pediu à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que prorrogue a validade desses testes.
“Tal número em estoque é compatível com um país de 212 milhões de habitantes. Cabe lembrar que os estados não possuem local para armazenagem tão ampla de testes, então nós atendemos por demanda”, afirmou.
O ministro afirmou, ainda, que foi detectada uma tendência de queda na demanda por testes entre os meses de agosto e outubro. No entanto, essa procura pode vir a subir nos casos de “repiques” da pandemia.
O governo vem sendo criticado por não distribuir à rede pública e manter em um depósito em Guarulhos (SP) milhões de testes para detectar o novo coronavírus, que perderão em breve sua validade.
Relatório do Ministério da Saúde mostra que 6,86 milhões vencerão até janeiro do próximo ano. Outros 212.900 testes vencerão até fevereiro e 70.800, em março.
Pazuello disse que os testes estão em depósitos com “capacidade de estocagem e armazenamento de primeiro mundo”. Os exames são do tipo RT-PCR, que são considerados padrão-ouro para o diagnóstico de Covid-19.
Pazuello disse ainda que a data de validade prevista inicialmente pela empresa não reflete a atual capacidade dos testes. O prazo reduzido serviria apenas para agilizar o registro e a permissão para uso emergencial pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
“É preciso compreender uma coisa: os testes, quando foram comprados, as validades estão para 2021, para 2022 e até para 2023. Foi feito um registro inicial com a Anvisa e a empresa, dando uma validade pequena, emergencial para iniciar o uso, de oito meses”, disse o ministro.
“Essa validade inicial seria e será renovada, porque todos os componentes dos testes, como foi apresentado na Comissão Externa da Câmara, têm a validade muito mais estendida. Nós sempre soubemos disso. Isso não é uma novidade”, disse.
O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos
Estratégicos em Saúde do ministério, Hélio Angotti Neto, afirmou que o pedido para prorrogar a validade já foi protocolado na Anvisa.
O titular da Saúde participou na manhã desta quartafeira (2) de audiência na comissão mista do Congresso, que acompanha a execução orçamentária e as ações de enfrentamento ao novo coronavírus. Ele precisou deixar a audiência mais cedo, alegando ter sido convocado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para uma reunião no Palácio do Planalto.
Mas, sete meses após anunciar a distribuição de 46 milhões de testes para diagnosticar o novo coronavírus, o Ministério da Saúde só entregou até agora 38% dos kits para exames a estados e municípios. São 17,6 milhões do total prometido.
O montante vai na contramão de cronogramas anunciados pela pasta no programa Diagnosticar para Cuidar. Era prevista a entrega e o uso de quase a totalidade dos testes até outubro, com volume menor até o fim de dezembro. O objetivo era aumentar o rastreamento de possíveis casos da Covid-19. Desse modo, o poder público obteria maior controle da epidemia.
O ministro também afirmou que o país multiplicou por 10 sua capacidade de processamento de testes, com a construção de quatro centros de testagens.
Por outro lado, ele minimizou a importância dos testes para detectar o novo coronavírus, afirmando que o “verdadeiro diagnóstico” é o exame clínico do médico.
Pazuello afirmou que as mudanças na forma de diagnóstico promovidas em agosto passado, que deram mais peso para a análise dos médicos que aos exames de laboratório, permitiu que o país tivesse uma radiografia mais precisa da quantidade de casos da doença.
“O verdadeiro diagnóstico não é o teste, é o diagnóstico clínico, porque o teste pode ser falho. É o médico que diagnostica, e pode se basear numa tomografia, pode se basear na epidemiologia dos casos em torno, pode se basear apenas na anamnese, nos sintomas que ele está vendo. Não é o teste que diagnostica; é o médico. E não era assim”, afirmou.
“Essa mudança altera também a quantidade de contaminação. Hoje nós temos pelo Brasil milhares e milhares de médicos diagnosticando e notificando. Nunca deveria ter sido diferente. Isso está nos dando o número mais real de contaminação”, completou.