Folha de S.Paulo

APÓS CRICIÚMA (SC), CAMETÁ (PA) É ALVO DE ASSALTANTE­S

Um dia depois de ataque nos mesmos moldes em Santa Catarina, assalto a Banco do Brasil no Pará deixou um refém morto

- Cristina Camargo e Monica Prestes

Homens rendidos por criminosos em praça da cidade; roubo a Banco do Brasil na madrugada de ontem deixou um refém morto, mas quadrilha errou cofre e não levou dinheiro

são paulo e manaus Um dia depois do assalto ao Banco do Brasil em Criciúma (SC), na noite de segunda-feira (30), outra cidade de médio porte foi alvo de uma quadrilha de assaltante­s na madrugada desta quarta-feira (2).

Dessa vez a ação violenta e organizada aconteceu em Cametá, cidade de 140 mil habitantes localizada a 235 km de Belém, no Pará.

O alvo dos criminosos também foi uma agência do Banco do Brasil. Os criminosos cercaram o quartel da Polícia Militar, fizeram reféns, atacaram a agência com explosivos, atiraram para cima e provocaram pânico entre os moradores.

A ação envolveu mais de 20 criminosos armados com armas de grosso calibre e deixou um refém morto e um morador baleado na perna, sem gravidade.

A exemplo do que aconteceu em Criciúma, onde o assalto envolveu ao menos 30 criminosos, dez carros e armamento de calibre exclusivo das Forças Armadas, em Cametá os moradores registrara­m a ação em vídeos publicados nas redes sociais.

Uma das imagens mostra um grupo de ao menos dez pessoas em uma praça, supostamen­te conduzidas pelos assaltante­s como reféns.

Segundo testemunha­s, os reféns assistiam ao jogo Flamengo x Racing quando foram surpreendi­dos.

“São aproximada­mente 30 homens armados. Muito tiro aqui perto de casa. Os policiais estão encurralad­os no quartel. Tem muita explosão também”, relatou o morador Fabrício Alves à Folha.

No entanto, a quadrilha de assaltante­s “errou de cofre” e fugiu sem levar nenhum dinheiro, disse o governador do Pará, Helder Barbalho, em entrevista à GloboNews.

“A quadrilha acabou errando o cofre e não levando nenhum valor da agência bancária”, disse Barbalho, que visitou o município. Segundo ele, órgãos de segurança pública e de inteligênc­ia do estado estão em estado de alerta para novos assaltos na região, uma vez que os bandidos estariam sem dinheiro para a fuga.

“Estamos alertando os municípios e estados vizinhos porque uma operação como essa despende um recurso muito alto por parte da quadrilha. No momento em que eles não lograram êxito, o risco de buscarem fazer novos eventos é real. Por isso, todos devem estar atentos, e os organismos de segurança pública do estado do Pará estão em alerta”, disse o governador.

De acordo com Barbalho, as imagens de câmeras de segurança da agência bancária e de outros comércios no município podem ajudar a esclarecer o crime. Os depoimento­s dos reféns já ajudaram a identifica­r que há pessoas de outros estados entre os criminosos.

Em nota, a Segup (Secretaria de Estado de Segurança Pública do Pará) confirmou a informação dada pelo governador. Segundo a pasta, nas investigaç­ões constatous­e que os membros da quadrilha possuem sotaque nordestino, o que levanta a suspeita de serem de fora do estado.

Imagens de câmeras de segurança também serão analisadas no percurso feito pela quadrilha entre o centro de Cametá e a rodovia BR-422, no município vizinho de Baião.

Os dois veículos usados no crime foram identifica­dos e devem passar por perícia em busca de impressões digitais, segundo informaçõe­s da Segup. Um deles era uma picape que teria sido usada no transporte de criminosos e reféns e que foi encontrada abandonada, com explosivos, no km 40 da BR-422, em Cametá.

Cerca de 40 km à frente, um outro veículo, também com explosivos, foi encontrado dentro do rio Itaperuçu, no município de Baião, segundo a secretaria.

Ainda na madrugada desta quarta, o governo do estado enviou policiais de grupos de elite das polícias Militar e Civil e do Núcleo de Inteligênc­ia para reforçar a segurança na região. A cidade também recebeu o suporte de dois helicópter­os e uma embarcação, já que é circundada pelo rio Tocantins e a polícia suspeita que os criminosos tenham fugido pelos rios.

Em nota, o Banco do Brasil informou que não há registro de funcionári­os feridos e que o banco colabora com as investigaç­ões policiais para solucionar o caso.

Polícia de SP investiga ligação de material com assalto em SC

são paulo A Polícia Civil de São Paulo investiga a suposta ligação entre um material apreendido na tarde desta quarta-feira (2), na zona sul da capital, com o mega-assalto ao Banco do Brasil realizado em Criciúma (SC), na segunda-feira (30).

O material que inclui munição de fuzil calibre 7,62 mm, rádio transmisso­r e espoletas para acionament­o de explosivos estava na casa da auxiliar de limpeza, Vanessa de Faria Santos, que foi presa em flagrante. Também foi apreendido na residência celulares, carregador­es de pistolas e seis tijolos de cocaína.

Os policiais vão investigar a suposta ligação porque foram até local após receberem informaçõe­s de que um indivíduo, morador daquela casa, estaria envolvido no roubo ocorrido em Santa Catarina. O suspeito de participaç­ão do roubo não foi encontrado, mas a responsáve­l pela guarda do material foi presa em flagrante.

A cúpula da Polícia Civil trata o caso com cautela. Afirma que só poderá fazer uma ligação entre os dois casos após uma análise pericial do material apreendido e, também, após a prisão do suspeito e sua eventual confissão no ataque.

O Gate, equipe especializ­ada em explosivos da Polícia Militar, foi acionado até o local e apreendeu o material para elaboração de laudo técnico.

O roubo realizado Criciúma é considerad­o o maior roubo do gênero realizado no estado. O ataque contou com a participaç­ão de 30 criminosos, dez automóveis e armamento de calibre exclusivo das Forças Armadas.

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Reprodução
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AFP Agência do Banco do Brasil em Cametá, no Pará, após o assalto nesta quarta

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