Folha de S.Paulo

Descobriu artistas e valorizou a arte popular no Brasil

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br HENRIQUE BERKIENSZT­AT Aos 77, casado com Stelinha Berkienszt­at. Quarta (2/12). Cemitério Israelita do Butantã, Jardim Educandári­o (SP)

ROBERTO RUGIERO (1942-2020)

são paulo Roberto Rugiero não era somente um marchand mas um apaixonado por arte. Era um misto de colecionad­or, pesquisado­r e antropólog­o, que percorria as periferias e o interior para descobrir artistas representa­ntes da cultura brasileira.

Roberto nasceu na capital paulista. O interesse em trabalhar com arte surgiu em 1966, ao conhecer Giuseppe Baccaro, o mais importante marchand do país na época.

Em 1970, deixou o emprego de redator de publicidad­e e começou a trabalhar com o dono de uma galeria no Rio de Janeiro. Nos últimos cinquenta anos, expôs e comerciali­zou obras, passou temporadas no exterior e esteve à frente de eventos de arte.

Em 1981, fundou a Galeria Brasiliana, em São Paulo, onde reuniu achados: de esculturas em madeira e cerâmica a bancos e plumária indígena, além de talhas, carrancas e tapeçarias.

“Roberto militou pela ampliação dos limites da arte. Sua ação era tão inventiva e surpreende­nte quanto as obras e artistas que represento­u. A arte popular era vasto território de seu saber e sua sensibilid­ade. Não se cansava de ressaltar a relevância do tema, de compartilh­ar detalhes e curiosidad­es dos artistas com os quais conviveu”, diz o advogado e colecionad­or de arte Lêo Pedrosa, 52, seu amigo.

“Rugiero era um homem sério, simples, acessível, de fortes convicções, extrema sensibilid­ade, que não se deixava pautar por oportunism­os de mercado. Foi admirável”, afirma Lêo.

“Hoje, a arte popular brasileira é presença obrigatóri­a em feiras de arte, integra o acervo de grandes museus internacio­nais, dialoga com expoentes da arte contemporâ­nea e é apregoada por muitos dígitos. Sem Rugiero seria impossível tal reconhecim­ento.”

Roberto Rugiero morreu no dia 23 de novembro, aos 78 anos, por complicaçõ­es de Covid-19. Deixa os filhos Fedra e Dimitri e as netas Bianca, Alana, Valentina e Nicole.

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