Descobriu artistas e valorizou a arte popular no Brasil
ROBERTO RUGIERO (1942-2020)
são paulo Roberto Rugiero não era somente um marchand mas um apaixonado por arte. Era um misto de colecionador, pesquisador e antropólogo, que percorria as periferias e o interior para descobrir artistas representantes da cultura brasileira.
Roberto nasceu na capital paulista. O interesse em trabalhar com arte surgiu em 1966, ao conhecer Giuseppe Baccaro, o mais importante marchand do país na época.
Em 1970, deixou o emprego de redator de publicidade e começou a trabalhar com o dono de uma galeria no Rio de Janeiro. Nos últimos cinquenta anos, expôs e comercializou obras, passou temporadas no exterior e esteve à frente de eventos de arte.
Em 1981, fundou a Galeria Brasiliana, em São Paulo, onde reuniu achados: de esculturas em madeira e cerâmica a bancos e plumária indígena, além de talhas, carrancas e tapeçarias.
“Roberto militou pela ampliação dos limites da arte. Sua ação era tão inventiva e surpreendente quanto as obras e artistas que representou. A arte popular era vasto território de seu saber e sua sensibilidade. Não se cansava de ressaltar a relevância do tema, de compartilhar detalhes e curiosidades dos artistas com os quais conviveu”, diz o advogado e colecionador de arte Lêo Pedrosa, 52, seu amigo.
“Rugiero era um homem sério, simples, acessível, de fortes convicções, extrema sensibilidade, que não se deixava pautar por oportunismos de mercado. Foi admirável”, afirma Lêo.
“Hoje, a arte popular brasileira é presença obrigatória em feiras de arte, integra o acervo de grandes museus internacionais, dialoga com expoentes da arte contemporânea e é apregoada por muitos dígitos. Sem Rugiero seria impossível tal reconhecimento.”
Roberto Rugiero morreu no dia 23 de novembro, aos 78 anos, por complicações de Covid-19. Deixa os filhos Fedra e Dimitri e as netas Bianca, Alana, Valentina e Nicole.