Folha de S.Paulo

O shopping center de Doria

Governador confirma plano de transforma­r São Paulo em centro de compras

- Flávia Boggio Roteirista. Escreve para programas e séries da TV Globo

Após o fim do plano de tombamento do Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, ou ginásio do Ibirapuera, João Doria confirmou que pretende demolir o local e transformá-lo em um shopping center.

Segundo o governador, diferentem­ente de um complexo desportivo, um conjunto comercial como um shopping geraria lucros. “Quem pratica esportes às custas do governo é um preguiçoso e improdutiv­o, que vive de roupas de ginástica pelas ruas. Se quiser malhar, que se inscreva na Bodytech”, defende.

Questionad­o sobre a população de baixa renda, que não pode pagar uma academia, Doria rebateu sem pestanejar, já que a toxina botulínica não permite tal movimento: “Que vá exercitar os glúteos na Smart Fit, que tem planos a R$ 1 ao dia”.

A demolição do ginásio do Ibirapuera faz parte de um plano ainda mais ambicioso —transforma­r toda a cidade em um imenso shopping center: “Quero dar ao paulistano a mesma sensação prazeirosa que tenho quando vou ao Iguatemi fazer compras na loja Sinhá. Vou mudar o nome da cidade para San Paul Shopping Mall e dar um banho de loja em todo o mundo”.

O governador pretende transforma­r os espaços públicos em lojas e praças de alimentaçã­o: “No lugar do largo da Batata, teremos uma grande Baked Potato. Em vez de Rodoanel, será RodoChanel. E rebatizare­i a avenida de Juscelino Kubidébito ou Crédito, porque cheque é coisa do passado”, comemora.

Sobre o trânsito, Doria tem uma solução: “Colocaremo­s valets por toda a cidade. O paulistano poderá largar sua Land Rover na Oscar Freire e pegá-la no Fasano. Também vamos instalar vitrines, como a que construí na raia da USP ”.

Sobre a constante quebra de vidraças da Cidade Universitá­ria, ele releva: “É que os pássaros não estão acostumado­s a ir ao shopping”.

Para o tucano, todo patrimônio público deve gerar renda. “Meu objetivo é transforma­r São Paulo em uma máquina de business como um grande coworking de startups.” Depois do Acelera São Paulo vem aí o Acelerador­a São Paulo. A primeira dama já estaria fazendo uma escultura em homenagem ao futuro projeto: um imenso sapatênis, que, assim como a cidade, é feio e caro.

Indagado sobre como financiará uma obra tão ambiciosa, Doria brinca: “Eu sou um empreended­or. Tudo o que faço gera lucros. Mesmo sem dinheiro, com um limão, eu faço uma Faria Lima”.

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Galvão Bertazzi

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