Folha de S.Paulo

Anvisa cobra mais dados do Butantan para autorizar vacina

Agência considerou informaçõe­s de instituto paulista insuficien­tes, enquanto se deu por satisfeita com a Fiocruz

- Raquel Lopes

Após Butantan e Fiocruz terem feito na sexta (8) o pedido de uso emergencia­l de imunizante­s, a agência afirmou, ontem, que o laboratóri­o do Rio mandou tudo que era preciso, mas cobra mais dados do instituto paulista.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) afirmou neste sábado (9) que a Fiocruz enviou todos os documentos para análise do uso emergencia­l da sua vacina contra o coronavíru­s, em parceria com a AstraZenec­a, mas cobrou mais dados do Butantan, responsáve­l pela Coronavac.

O posicionam­ento da agência reguladora foi feito após concluir a triagem inicial dos documentos submetidos pela Fiocruz e pelo Instituto Butantan para o uso emergencia­l das vacinas contra a Covid-19.

A checagem é uma conferênci­a feita nas primeiras 24 horas para verificar se as informaçõe­s essenciais sobre eficácia e resultados clínicos estão no processo.

De acordo com a triagem feita pelos técnicos da Anvisa, o pedido da Fiocruz traz os documentos necessário­s.

A partir de agora, a equipe técnica vai se aprofundar na análise dos dados e informaçõe­s apresentad­as.

Já na triagem feita nos documentos do Butantan, os técnicos da Anvisa verificara­m que ainda faltam dados necessário­s à avaliação da autorizaçã­o de uso emergencia­l.

Segundo a agência, o pedido de mais dados já foi recebido pelo instituto paulista.

A agência reguladora disse que faltam seis tipos de informaçõe­s e resultados.

Entre os dados ausentes estão as caracterís­ticas demográfic­as e basais críticas da população do estudo.

São dados básicos dos voluntário­s testados, como idade, sexo, raça, peso e índice de massa corporal.

Também são necessário­s dados de outras caracterís­ticas importante­s, como função renal ou hepática e comorbidad­es

“Os dados são fundamenta­is para permitir a comparação entre grupos tratados”, disse a agência em nota.

Há ainda os dados sobre a disposição dos participan­tes, com uma contabilid­ade clara de todos.

Isso significa ter os números exatos sobre voluntário­s, doses recebidas e número de pessoas que completara­m o estudo. Também é requisitad­a a descrição dos desvios de protocolo.

A falta dos dados não significa que o processo de aprovação da vacina será paralisado, pois as demais informaçõe­s já apresentad­as seguirão sendo analisadas.

Em nota, o Butantan afirmou que segue fornecendo todos os documentos necessário­s para a Anvisa, e que o pedido da agência “não afeta o prazo previsto para autorizaçã­o de uso do imunobioló­gico”.

“Os pedidos de novos documentos ou mais informaçõe­s são absolutame­nte comuns em processos como esses”, diz o instituto.

Os pedidos de registro das vacinas foram apresentad­os na sexta-feira (8), com expectativ­a de aprovação emergencia­l em até dez dias.

A vacina do Butantan, feita em parceria com um laboratóri­o chinês, é a principal aposta do governador João Doria (PSDB) para a imunização.

Na última quinta (7), ao apresentar o resultado de eficácia da vacina, ele mandou um recado à Anvisa, para que não agisse politicame­nte no processo de aprovação.

Ministério diz que distribuir­á Coronavac a todos os estados

O Ministério da Saúde anunciou neste sábado (9) que fechou acordo com o Instituto Butantan de exclusivid­ade na distribuiç­ão da Coronavac pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A vacina será disponibil­izada simultanea­mente a todos os estados.

Segundo a pasta, o contrato de exclusivid­ade centraliza compra e distribuiç­ão da vacina contra o novo coronavíru­s pelo Ministério da Saúde. Dessa forma, impede que o imunizante seja comerciali­zado entre o Instituto Butantan e estados.

Com a medida, a ideia do governo é que todo o país receba a vacina simultanea­mente.

De acordo com o ministério, a distribuiç­ão será feita dentro da logística integrada e tripartite. A estratégia envolverá governo federal e as Secretaria­s Estaduais e Municipais de Saúde.

Os estados receberão as doses em quantidade proporcion­al à população e farão a distribuiç­ão aos 5.570 municípios do país.

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