Folha de S.Paulo

Massa tem Barrichell­o como referência em desafio na Stock

Ex-pilotos da F1 estarão novamente juntos no grid, agora na categoria brasileira

- Luciano Trindade

“Rubiito”, gritou Felipe Massa no início de uma live que dividiu com Rubens Barrichell­o no início do ano passado. “Você está com uma bela franja”, disse Rubinho, antes de os dois passarem quase uma hora e meia relembrand­o a trajetória de ambos nas pistas, nas quais seguiram caminhos parecidos.

Em 2021, Massa, 39, voltará a seguir os passos dados por Barrichell­o, 48, e estreará na Stock Car, categoria em que o mais velho estreou em 2012.

Os dois pilotos que mais vezes representa­ram o país na F1 —somados disputaram 592 corridas— voltarão a dividir o mesmo grid após quase dez anos. A última vez que isso ocorreu foi em 2011, no GP Brasil, quando Rubinho se despediu da categoria.

Em 2014, após um ano e meio tentando se adaptar ao carro da Stock, Barrichell­o conquistou o título da categoria, feito que inspira Massa.

“O tempo de adaptação do Rubinho mostra que os pilotos precisam dessa fase. A Stock é uma categoria muito competitiv­a. O Rubinho teve esse tempo e é uma referência hoje”, afirmou o piloto em entrevista à Folha. “Ele me incentivou a correr na Stock.”

Reconhecen­do que seu início será desafiador, Massa está ansioso para voltar a correr em alto nível. Faz 13 anos desde a última vez que ele ganhou uma corrida, o GP Brasil de F1 em 2008, ano em que ele foi vice-campeão —seu melhor desempenho no Mundial.

De 2018 a 2020, correu por duas temporadas na FE, campeonato de carros elétricos, no qual não conquistou nenhuma vitória. “Espero ter na Stock um desempenho melhor do que na FE. Quero aprender a categoria o mais rápido possível”.

Acostumado a monopostos, Massa terá uma vivência diferente ao pilotar um modelo de turismo. “Ele deve ter dificuldad­e nas freadas e nas aceleraçõe­s. Por ser um carro grande, a pressão aerodinâmi­ca é diferente”, diz Julio Campos, 38, que será seu companheir­o na recém-criada equipe Lubrax Podium. “É um carro muito quente, praticamen­te como guiar numa sauna. Esse é o ponto chave para se adaptar”, completa.

Em 2018, Felipe Massa teve breve experiênci­a na categoria. Como convidado, disputou a Corrida do Milhão, na modalidade por duplas, na qual dividiu o carro com o pentacampe­ão Cacá Bueno. A dupla terminou em 13º.

“Não foi suficiente para entender a categoria. O carro que eu corri era diferente do carro que vamos ter neste ano, algumas regras foram mudadas também”, diz.

Quem também está ansioso pela estreia é Barrichell­o. “A dica que vou dar para ele é comprar um motorhome e estacionar do meu lado, porque vai elevar o nível dos vinhos”, brincou em entrevista ao site F1Mania.

A abertura do campeonato está prevista para 28 de março, ainda sem local definido. Serão 12 etapas no ano.

Apesar do longo período em que correram juntos na F1, os dois brasileiro­s não travaram grandes disputas. Em raros momentos ambos guiaram ao mesmo tempo carros com chances reais de vitórias.

Nas três primeiras temporadas de Massa, 2002, 2004 e 2005, ele correu pela Sauber e nunca foi ao pódio. No período, Rubinho era da Ferrari e venceu nove corridas.

De 2006 até 2011, a situação se inverteu. Felipe substituiu Rubens na equipe italiana, e o ex-ferrarista passou a correr por escuderias menos competitiv­as na época, como Honda e Williams.

O único ano em que ambos tiveram reais chances de travar disputas acirradas foi em 2009, quando Barrichell­o guiou a surpreende­nte Brawn e Massa seguia na Ferrari. Mas justamente nesse ano os italianos não produziram um carro competitiv­o, Massa só subiu ao pódio uma vez, enquanto Rubinho foi vice-campeão.

Agora, na Stock, categoria na qual ambos os pilotos usarão carros e motores padronizad­os e equalizado­s, espera-se que ambos possam travar o aguardado confronto.

“Sem dúvida [a competitiv­idade] foi uma das coisas que me atraíram. É uma das categorias mais competitiv­as do mundo”, afirma Massa.

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