Folha de S.Paulo

Conselho de ética do Cidadania pede que partido expulse Cury

Punição a deputado que apalpou colega na Assembleia de SP dependerá do diretório nacional; ele criticou a decisão

- Joelmir Tavares

são paulo O conselho de ética do Cidadania recomendou neste domingo (10) que o partido expulse o deputado estadual Fernando Cury (SP), que apalpou a colega Isa Penna (PSOL) no plenário da Assembleia Legislativ­a de São Paulo eéalv ode um procedimen­to disciplina­r interno.

O relatório da comissão agora será submetido ao diretório nacional da sigla, que pode aca tarou rejeitara medida. A legenda, que iniciou a análise do caso em 22 de dezembro —cinco dias após a revelação do fato—, já havia afastado o filiado das funções partidária­s.

Segundo comunicado do partido, “a importunaç­ão sexual sofrida pela deputada fere frontalmen­te o código de ética do Cidadania”. A sigla citou artigos que obrigam os filiados a respeitare­m condições como gênero, cor/raça e orientação sexual.

“O fato é grave e insolente, não nos permite outra interpreta­ção que não ade estarmosdi antedeu macon tecimento desrespeit­oso e afrontoso, que deve ser combatido ”, afirmou a relatora do procedimen­to no conselho, Mariete de Paiva Souza.

No parecer, ela considerou ainda que as câmeras da Assembleia “flagraram um comportame­nto descabido, rasteiro e incongruen­te”.

A sugestão da relato rap araque o parlamenta­r seja expulso foi acolhida por unanimidad­e pelos demais integrante­s do conselho. Aexpulsãoé amais dura punição imposta a um filiado por violação de conduta ética no partido.

O caso também está sendo apurado pelo Ministério Público de São Paulo e pela Comissão de Ética e Decoro Parlamenta­r da Assembleia. Isa acusa Cury de importunaç­ão sexuale pede que o deputado tenha o mandato cassado.

Cury apresentou defesa ao conselho de ética do Cidadania no último dia 4 e contestou a validade do processo aberto para investigá-lo.

O deputado, em nota, afirmou que “a indicação pela expulsão já havia sido anunciada em dezembro pelo presidente do Cidadania”. Cury tem criticado Roberto Freire pelo que chama de pré-julgamento do dirigente no episódio.

“Não tenho dúvidas de estar sendo submetido a um julgamento ilegal, sumário e de exceção, que viola o código de ética do próprio partido e a Constituiç­ão Federal.”

Ele disse ainda que, na Assembleia, “onde se respeita o direito de defesa e o devido processo legal”, demonstrar­á que não violou o decoro parlamenta­r .“Jamais assediei nem tive, em nenhum momento, a intenção de constrange­ra nobre deputada Isa Penna, a quem respeito e sempre respeitei.”

À Folha Isa afirmou que, com o parecer deste domingo, “o Cidadania demonstra retidão e pode ser o primeiro partido a expulsar um parlamenta­r por assédio. Se confirmada, a decisão pode se rum precedente fundamenta­l para aluta contra o assédio machista”.

A revelação de que Isa foi apalpada por Cury veio a público no dia 17 de dezembro. Em discurso na tribuna da Assembleia, o deputado negou ter cometido assédio e pediu desculpas por ter, segundo ele, abraçado a parlamenta­r.

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