Folha de S.Paulo

São Paulo vive seu momento mais difícil

- Paulo Vinicius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

Os últimos três jogos indicaram o São Paulo vivendo dificuldad­es em dois cenários distintos. Contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, foi bloqueado na faixa central e obrigado a abusar dos cruzamento­s, por não ter infiltraçã­o.

Empatou por 0 a 0 e foi eliminado da Copa do Brasil.

O Bragantino desarmou 26 vezes, 14 no campo de ataque. Mauricio Barbieri confirmou ter treinado para recuperar a bola na saída da grande área são-paulina. Daniel Alves errou na primeira jogada da partida e ofereceu o gol a Claudinho. No final do primeiro tempo, Diego Costa não tinha opção de passe, foi desarmado e o Bragantino marcou seu quarto gol.

Em toda a campanha, o São Paulo sofreu três gols por não suportar a pressã o na saída de jogo. Dois contra o Bragantino.

O cenário contra o Santos se pareceu mais com o proposto pelo Grêmio. A lentidão da troca de passes diminuiu a chance de invadir a defesa rival. Das 6 finalizaçõ­es do primeiro tempo, todas fora do alvo, 4 foram de fora da área.

Apesar de a dificuldad­e do clássico ser a infiltraçã­o, o São Paulo sofreu o gol numa bola roubada pelo Santos no ataque. Contra o Grêmio, não sofreu gol, mas um erro de passe resultou em boa oportunida­de gremistas finalizaçã­o de bicicleta de Diego Souza. Não está bom.

Não é por causa da crise de relacionam­ento entre Tchê Tchê e Fernando Diniz, que não há. O tom do treinador é importante de se discutir, mas não interfere no ambiente em busca do troféu.

Também não adianta dizer que o São Paulo precisa de mais repertório. A pergunta é: qual? É tão difícil no Brasil haver times com estilo próprio, dada a quantidade de trocas de elencos e de treinadore­s, que quando uma possui um jeito forte de jogar é preciso apostar no que dá certo.

A questão é que voltar a fazer bem o que se sabe fazer bem. Também criar elementos surpresa. Mas o São Paulo já os procurava em seus melhores momentos, ou não faria gol de escanteio ensaiado, cobrado para fora da área, na vitória por 1 a 0 contra o Sport.

Não se pode acusar Diniz de não tentar novidades, quando troca o zagueiro Léo pelo ponta Vítor Bueno.

Por outro lado, está claro que é preciso recolocar as coisas nos lugares certos. O São Paulo não consegue impor seu estilo, a movimentaç­ão de seus meias, que se agrupam do mesmo lado, está bem marcada, a saída de bola vigiada e o time perde a condição de jogar de memória, porque os adversário­s já decoraram seu estilo. Será um final de campanha difícil e caberá a Diniz fazer a equipe reencontra­r a confiança.

Muricy Ramalho estará ao seu lado. Ele era técnico do Palmeiras, em 2009, ano da maior virada de qualquer campeão na história dos pontos corridos. A dez rodadas do fim, o Flamengo estava em sexto, doze pontos atrás do Palmeiras, dirigido por Muricy. Terminou campeão.

Atual coordenado­r, Muricy pode alertar Fernando Diniz sobre questões que atrapalhar­am a que conquistas­se seu quarto troféu consecutiv­o —era tricampeão de 2006, 2007 e 2008 pelo São Paulo.

A maior possibilid­ade ainda é do São Paulo, de conquistar o troféu depois de 12 anos. Mas o risco de perder é cada vez mais claro. Existe mais pelos erros do que pelos acertos dos rivais.

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