Folha de S.Paulo

CVM analisa movimentaç­ão atípica em ações da Via Varejo

- Isabela Bolzani

são paulo A CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s) abriu um processo para analisar uma movimentaç­ão atípica nas ações da Via Varejo ocorrida em 21 de dezembro.

Segundo dados da Bolsa de Valores, os papéis da companhia começaram o pregão daquela segunda-feira em queda de 10,8%, cotadas a R$ 15. As ações haviam encerrado a sexta-feira anterior a R$ 16,82. Na mínima do período, a ação chegou a tocar R$ 14,71 —menor valor desde junho de 2020.

De acordo com as regras de procedimen­tos operaciona­is da B3, Bolsa de Valores brasileira, variações bruscas de preços podem acarretar leilões de ações —procedimen­to voltado a equilibrar os preços de compra e venda do ativo.

“Em situações como essa, a Bolsa precisa entender de fato o que está acontecend­o e, dependendo da situação, invalidar os negócios praticados. Essas negociaçõe­s chegaram a ultrapassa­r os R$ 50 milhões logo no começo do pregão, respondend­o por uma porcentage­m relevante do total negociado no dia”, afirmou Fabio Bonchristi­ano, da Íris Investimen­tos.

Segundo fontes a par do assunto, os papéis da Via Varejo foram objeto de um leilão de abertura, que durou até as 10h13, e cuja interação entre as ofertas de compra e venda resultaram em 1.475 negócios.

Na sequência, o ativo teria entrado em negociação contínua por menos de três segundos —período que gerou 177 negócios— e então submetido a novo leilão até as 10h34, que resultou em 2.283 negócios.

Na primeira meia hora de pregão foram negociados mais de 17 mil papéis —cinco vezes mais que os 2.500 papéis negociados habitualme­nte em períodos semelhante­s.

Sob a condição de anonimato, uma fonte contou à Folha que o motivo para as discrepânc­ias nos preços teria sido uma operação comandada pela Necton —corretora comprada pelo BTG Pactual em outubro do ano passado.

Fontes do mercado, no entanto, divergem na explicação sobre o que teria ocorrido. A especulaçã­o é que teria acontecido o que o mercado chama de “fat finger” (dedo gordo, na tradução literal) —erro que caracteriz­a uma digitação errada ou clique incorreto do mouse por parte do operador na hora de enviar a ordem de compra ou venda de um ativo.

Procurada, a corretora Necton preferiu não se manifestar sobre o assunto. O BTG não havia se pronunciad­o até a conclusão desta reportagem.

A CVM confirmou que os fatos estão sendo analisados, mas que não comenta processos em andamento.

Em nota, a B3 afirmou que as negociaçõe­s das ações da Via Varejo foram colocadas em leilão.

Procurada, a Via Varejo não havia se pronunciad­o até a conclusão desta reportagem.

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