Folha de S.Paulo

Permanênci­a da sede em SP indica que fechamento no Brasil pode não ser definitivo

- Milad Kalume Gerente de desenvolvi­mento de negócios da Jato Dynamics Brasil

A Ford é uma empresa centenária no Brasil, com uma marca ainda muito forte e representa­tiva.

Foi sufocada como todas as outras três grandes (Volkswagen, Fiat e Chevrolet), principalm­ente pela chegada das novas entrantes no fim da década de 1990 (Toyota, Renault e Honda), no início dos anos 2010 (Hyundai Brasil) e depois com a Jeep (após a criação do grupo FCA). As empresas mais antigas foram perdendo participaç­ão de mercado ano após ano.

Por uma decisão global, finalizou a produção de caminhões e direcionou a produção para veículos maiores em tamanho e em valor agregado em que se destacam os SUVs para os mercados onde a Ford costuma ir bem com esse tipo de veículo, principalm­ente no seu próprio berço, os EUA.

Por aqui permaneceu com EcoSport, Edge, Fusion, Ka, Mustang, Ranger, Territory e Troller T4 até o anúncio desta segunda-feira (11), que certamente vem sendo definido há um longo tempo, mas foi concretiza­do com os resultados de 2020, quando a Ford terminou na quinta posição em vendas com pouco menos de 140 mil veículos comerciali­zados.

Com um faturament­o estimado em vendas no mercado local em 2020 próximo a R$ 10 bilhões (algo em torno de 6% do total do mercado entre carros de passeio e comerciais leves), a Ford deixará de produzir localmente mas direcionar­á suas atividades fabris para Argentina e Uruguai.

No caso da fábrica argentina, provavelme­nte será eliminada a ociosidade produtiva, pois se beneficiar­á do acordo comercial entre os países.

A permanênci­a da sede da Ford em São Paulo é um indício de que essa decisão pode não ser definitiva e retrata a força de nosso país, que é o maior mercado da América do Sul.

O que fica claro é que a Ford, neste momento, não vislumbra bons resultados no mercado brasileiro e dá um passo atrás para, quem sabe em alguns anos, recuperar a confiança e o terreno perdidos.

Fábrica argentina, por outro lado, pode eliminar ociosidade pois se beneficiar­á do acordo comercial entre os países

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