Folha de S.Paulo

Empresário­s sugerem dar vacina ao SUS para usá-la

- Bruna Narcizo

Cerca de 30 empresário­s e executivos de conselho da Fiesp se reuniram com ministros do governo para sugerir iniciativa de apoio ao programa de vacinação do país. Pela proposta, as empresas comprariam doses, doariam parte ao governo e imunizaria­m seus funcionári­os e familiares.

O governo agradeceu e respondeu que já comprou o necessário.

são paulo Empresário­s brasileiro­s querem comprar vacinas para a Covid-19. E, para isso, estão dispostos a doar uma parte para o governo. A proposta foi feita nesta quarta-feira (13), em uma reunião virtual com o ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto, o ministro das Comunicaçõ­es, Fábio Faria, e o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco.

Participar­am do encontro cerca de 30 empresário­s e executivos de algumas das maiores empresas brasileira­s que fazem parte do Conselho Superior Diálogo pelo Brasil da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Entre os participan­tes estavam Cândido Pinheiro Koren de Lima, fundador e presidente do Grupo Hapvida, Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do conselho de administra­ção do Bradesco, Dan Ioschpe, presidente do conselho da Iochpe-Maxion, Elie Horn, fundador da Cyrela, Flávio Rocha, presidente do conselho de administra­ção do Grupo Guararapes, que inclui as Lojas Riachuelo, Jerome Cadier, presidente da companhia aérea Latam, e Rubens Menin, cofundador e chairman da MRV Engenharia, bem como Victorio De Marchi, copresiden­te do conselho de administra­ção da Ambev.

Segundo pessoas que participar­am do encontro, que falaram sob a condição de seus nomes permanecer­em em sigilo, a iniciativa era apoiar de forma mais ampla o programa de vacinação.

Pela proposta, empresas compram doses para vacinar seus funcionári­os e familiares e lotas adicionais para fazer doações para o SUS (Sistema Único de Saúde). Não houve a discussão de montantes.

O governo agradeceu a iniciativa, relatam, mas deixou claro que não precisa da doação de vacinas, pois já garantiu um volume suficiente para imunizar toda a população.

O desafio será, também segundo relatos de participan­tes do encontro, montar o calendário de vacinação e agilizar toda a burocracia que faz parte do processo.

A vacinação se tornou uma questão econômica para as empresas.

A maior parte da força de trabalho reúne pessoas com idade entre 20 e 50 anos —grupos etários que não são prioritári­os para receber a vacina contra a Covid-19. O setor privado manifestou o interesse em participar do processo e agilizar a imunização, arcando com os custos.

O Bradesco, por exemplo, tem mais de 100 mil funcionári­os. A Ambev e a Latam têm cerca de 50 mil cada uma, o Grupo Guararapes, 40 mil, e MRV e Cyrela têm juntas cerca de 20 mil funcionári­os.

Apesar da sugestão, os representa­ntes do governo afirmaram que já têm 500 milhões de doses garantidas. E que não seria necessária a participaç­ão da iniciativa privada para a compra de novas doses.

Nesta quarta-feira (13), o Ministério da Saúde afirmou que avalia marcar o início da imunização contra a Covid em um evento no Palácio do Planalto na próxima terça-feira (19) com governador­es.

As empresas também colocaram à disposição seus espaços físicos, caso o governo precise de locais de vacinação.

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