Santos atropela Boca, e final da Libertadores terá dois times paulistas pela primeira vez
Com goleada sobre o Boca Juniors, time alvinegro retorna ao palco das conquistas de Pelé no torneio
SANTOS 3 BOCA JUNIORS 0
são paulo O santista mais velho vai lembrar de quando o time de Pelé fez jogos históricos no Rio de Janeiro, como finais de Mundial de Clubes na década de 1960, por exemplo. Uma herança recebida pelos alvinegros de gerações posteriores e que agora ganhará um sentido ainda mais especial.
No próximo dia 30, o Santos estará de volta ao Maracanã, desta vez para a final da Libertadores. Uma decisão que, apesar de sediada no carioquíssimo palco, celebrará a primeira edição do torneio decidida entre clubes paulistas, garantindo um lugar ao Brasil no Mundial, em fevereiro.
A equipe do técnico Cuca confirmou a vaga na final contra o Palmeiras nesta quartafeira (13), ao vencer o Boca Juniors (ARG) por 3 a 0, na Vila Belmiro. O primeiro jogo entre as equipes, em La Bombonera, havia terminado 0 a 0.
Assim como fez diante do Grêmio, na Vila, o Santos iniciou o jogo pressionando forte o adversário. Com apenas 30 segundos, Marinho já tinha acertado a trave de Andrada.
A pressão santista funcionou, e o time alvinegro chegou ao primeiro gol. Após boa troca de passes pelo alto, Pituca achou Soteldo na esquerda da área. O venezuelano cortou pra dentro e chutou, a bola pegou na mão de Lisandro López e sobrou para Pituca, que bateu cruzado no rebote e abriu o placar, aos 15 minutos do primeiro tempo.
Os alvinegros repetiram a fórmula no início da etapa final. Em cinco minutos, Soteldo e Lucas Braga confirmaram a presença do Santos no Maracanã daqui a duas semanas.
Aos 3, depois de recuperar a bola no campo de ataque, Soteldo recebeu na esquerda, cortou para dentro e chutou forte para marcar o segundo. Na sequência, aos 5, Marinho invadiu a área pela direita, deixou Izquierdoz no chão e cruzou para Lucas Braga, que desviou para o gol.
Apesar do ineditismo de dois paulistas na final, ter brasileiros na decisão continental não é uma novidade.
São Paulo e Athletico decidiram o torneio em 2005, com vitória tricolor. No ano seguinte, os são-paulinos perderam a final para o Internacional.
O Santos, que disputará sua quinta final (1962, 1963, 2003, 2011 e 2020), poderá se colocar como o clube brasileiro com mais títulos de Libertadores.
Tricampeão, o alvinegro tem o mesmo número de taças de São Paulo e Grêmio.
A classificação à final deste ano evocou memórias viscerais da rica trajetória santista na Libertadores. O Boca, superado pelo Santos nesta quarta, foi o adversário da final de 1963, em que os paulistas conquistaram o bicampeonato.
Campeão em 1962, o clube entrou direto na semifinal e bateu o Botafogo, seu grande rival na década de 1960, para ir à decisão. Na ida, vitória por 3 a 2 com gols de Coutinho (dois) e Lima no Maracanã.
Na partida de volta, Sanfilippo, que havia anotado dois no Rio, colocou os argentinos na frente na Bombonera. Mas Coutinho e Pelé viraram o confronto e decretaram a vitória que rendeu ao Santos sua segunda taça continental.
O mesmo Boca entrou no caminho dos santistas em 2003, no retorno do clube à final da Libertadores depois de 40 anos. O desfecho, porém, não foi favorável aos brasileiros.
O Santos perdeu o primeiro jogo da final, em Buenos Aires, por 2 a 0. Na segunda partida, no Morumbi, os argentinos aprontaram de novo, vitória argentina por 2 a 1.
Apesar de já terem passado 17 anos, a lembrança daquela conquista estava muito viva no coração do torcedor boquense, que esperava chegar ao topo da América mais uma vez. O Santos de Cuca, porém, tinha o mesmo plano.
Quando foi contratado para o lugar do português Jesualdo Ferreira, o treinador de 57 anos reuniu o elenco santista no auditório e projetou: “Estaremos entre os oito primeiros no Brasileiro e seremos finalistas da Libertadores”.
A primeira promessa já não importa tanto quanto o desejo de coroar com um título a segunda. Ser campeão, como em 2011 com Neymar ou nos anos 1960 com Pelé é o objetivo e o sonho dos alvinegros.
Campeão em 2013 com o Atlético-MG, Cuca sabe o caminho. Sob seu comando, a equipe está a um jogo de se consagrar novamente em um gramado com tanto significado para a história do clube.