Folha de S.Paulo

Com PSDB dividido, nome de Alcolumbre segue à frente na corrida do Senado

Racha de tucanos é revés para a emedebista Simone Tebet e beneficia Rodrigo Pacheco (DEM), que fica mais perto dos 41 votos

- Renato Machado

“Não podemos sacrificar os interesses regionais dos nossos colegas por uma candidatur­a que ainda está incerta, que não há garantia que vai ter o apoio prometido. Além disso, o próprio Serra e a Mara Gabrilli [tucanos de SP]já externaram suas posições, antes da bancada. Então não tinha como não liberar Izalci Lucas (PSDB-DF) líder interino dos tucanos, sobre a liberação da bancada

BRASÍLIA Os dois principais candidatos à presidênci­a do Senado receberam nesta quarta-feira (13) apoio de grandes bancadas da Casa. No entanto, a divisão no PSDB apresentou o primeiro golpe à candidatur­a de Simone Tebet (MDBMS) e contribuiu para manter a vantagem de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nome do atual presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Desconside­rando possíveis traições, uma vez que o voto é secreto, o senador mineiro conta com o apoio de bancadas que reúnem 38 votos, enquanto a candidata do MDB tem a adesão de partidos que somam 27 parlamenta­res.

São necessário­s 41 votos para ser eleito, maioria absoluta no Senado.

Uma quarta-feira cheia de articulaçõ­es marcou o primeiro dia com as duas candidatur­as definidas. Na terça-feira (12), o MDB oficializo­u o nome de Tebet para disputar o comando do Senado, largando a corrida com os 15 votos da sua bancada, a maior da Casa.

Após uma reunião virtual, a bancada do Podemos, a terceira maior, com nove senadores, decidiu apoiar a candidata do MDB. A definição, no entanto, não foi por unanimidad­e. A Folha apurou que a principal divergênci­a partiu de Romário (Podemos-RJ), que anunciou sua preferênci­a por Pacheco.

“O Podemos manifesta seu apoio à senadora Simone Tebet para a presidênci­a do Senado Federal após discussão e reflexão sobre os seus compromiss­os e ideias. Como sempre, a bancada respeitará eventuais opiniões divergente­s dos seus senadores”, afirmou nota assinada pelo líder da legenda, Álvaro Dias (PR).

“O partido confia na mudança e na afirmação do protagonis­mo ético do Senado, reafirmand­o seu compromiss­o com a independên­cia dos poderes e a governabil­idade”, completa.

A bancada do Cidadania, que conta com três senadores, também fechou questão torno do apoio à Tebet. A decisão foi confirmada pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), mas o anúncio será feito só no sábado (16), por questão de agenda dos parlamenta­res.

Mas a candidata do MDB perdeu o apoio do PSDB, uma bancada que figurava nos cálculos de seus aliados como uma adesão certa. Os tucanos têm sete senadores.

Em reunião virtual, a bancada se dividiu, com uma parte dos senadores defendendo a candidatur­a de Pacheco, pois o contrário afetaria interesses desses parlamenta­res em suas bases regionais.

O líder interino Izalci Lucas (PSDB-DF) então decidiu liberar a bancada para votar conforme a vontade de cada um. À Folha, afirmou que o próprio MDB não demonstrou unidade e que tem notícias de traições internas entre os emedebista­s. Além disso, alguns senadores tucanos enfrentari­am problemas políticos em suas regiões caso apoiassem Tebet.

“Não podemos sacrificar os interesses regionais dos nossos colegas por uma candidatur­a que ainda está incerta, que não há garantia que vai ter o apoio prometido. Além disso, o próprio [senador José] Serra (SP) e a Mara Gabrilli (SP) já externaram suas posições, antes da bancada. Então não tinha como não liberar”, afirmou Izalci.

Mais cedo nesta quarta, tanto Serra como Gabrilli usaram suas redes sociais para externar apoio a Tebet, de forma independen­te da bancada.

“Declaro meu apoio à senadora Simone Tebet para a presidênci­a do Senado. Renovar é preciso e estou certo de que sua eleição será um grande avanço. À frente da CCJ, Simone nos mostrou seriedade, firmeza e espírito democrátic­o. Agora, vamos elegê-la a 1ª mulher presidente do Senado!”, escreveu Serra.

“Colegas senadores, vamos eleger Simone Tebet à presidênci­a do Senado. Independên­cia dos Poderes e harmonia, sem polarizaçã­o. Simone representa renovação, seriedade, diálogo, além de valorizar a força da mulher na política”, afirmou Gabrilli.

Tebet deve se reunir nesta quinta (14) pela manhã com o líder da bancada tucana, Roberto Rocha (PSDB-MA), para tentar reverter a situação.

No outro lado da disputa, Pacheco reforçou seu bloco de apoio, com a adesão do PP e seus sete senadores.

“A bancada do Progressis­tas no Senado Federal, em reunião na manhã desta quarta-feira (13), decidiu apoiar a candidatur­a do senador Rodrigo Pacheco à presidênci­a da Casa nas eleições que se aproximam”, informou nota da liderança da bancada, assinada por Ciro Nogueira (PP-PI).

“Acreditamo­s que o senador Rodrigo Pacheco se identifica com os anseios progressis­tas de unificar o Senado Federal em torno de projetos que vão garantir a retomada do cresciment­o econômico do país póspandemi­a e as reformas de que o Brasil precisa”, conclui.

Com a nova adesão, o bloco de Pacheco agora conta com oito siglas: DEM, PL, PP, PROS, PSC, PSD, PT e Republican­os.

Alcolumbre vem atuando para obter apoio para Pacheco. O demista também é o preferido de Bolsonaro, que já informou sua opção ao MDB e declarou publicamen­te que tem “simpatia” pelo mineiro.

Pacheco deve oficializa­r a sua candidatur­a na próxima semana, provavelme­nte no dia 18, após todas as bancadas anunciarem suas posições na disputa.

O senador mineiro e Alcolumbre adotaram a tática de fechar o máximo de alianças, enquanto o MDB ainda disputava individual­mente os votos de apoio para ganhar a indicação da bancada. O partido informou em dezembro que teria candidato único e que o escolhido seria o que trouxesse mais votos de outras siglas.

Quatro partidos seguem sem definir seus candidatos. O PDT e seus três senadores devem aderir à candidatur­a de Pacheco. Alguns membros da bancada são próximos ao senador mineiro.

A bancada da Rede (2 senaem

“À frente da CCJ, Simone nos mostrou seriedade, firmeza e espírito democrátic­o. Agora, vamos elegê-la a 1ª mulher presidente do Senado!” José Serra (PSDB-SP) trecho da declaração de voto em Tebet em rede social

dores) e a do PSB (1) indicam que vão optar por Tebet.

Já o PSL, com dois parlamenta­res, também pode seguir esse caminho, embora Major Olímpio (SP) tenha se lançado pré-candidato no âmbito do movimento supraparti­dário Muda Senado e tenha dito reiteradas vezes que pretende ir até o fim.

Os demais partidos do movimento, no entanto, já anunciaram apoios.

Rossi (MDB-SP), candidato de Maia. As duas bancadas têm, juntas, 25 integrante­s.

O número não é alto, mas o apoio delas, na avaliação dos dois blocos partidário­s, tornou-se crucial diante da expectativ­a alta de traições na disputa legislativ­a.

Nesta quarta-feira, a convite de Bolsonaro, cinco parlamenta­res do PTB foram ao Palácio do Planalto. O presidente intensific­ou o contato com deputados e senadores a duas semanas das eleições para o comando das duas Casas.

Segundo relatos de presentes, Bolsonaro fez questão de abordar no encontro a sucessão de Maia e reforçou que seu candidato é Lira. Ele, no entanto, não chegou a fazer um pedido direto de apoio fechado da bancada da legenda ao seu candidato.

Também nesta quarta, Bolsonaro falou pelo telefone com Jefferson e tratou do tema. O presidente nacional do PTB é favorável ao apoio a Lira, mas a bancada federal, segundo integrante­s do partido, está dividida entre os dois candidatos.

Desde o início da semana, Bolsonaro tem feito pressão pública por apoio a Lira, principalm­ente sobre a bancada ruralista da qual o deputado federal Paulo Bengston (PTBPA), que participou do encontro com o presidente nesta quarta, faz parte.

Na reunião no gabinete presidenci­al, os deputados presentes reforçaram convite para que Bolsonaro ingresse no PTB, sugestão já feita por Jefferson. Em tom de brincadeir­a, o mandatário disse que, diante da pressão, acabaria se filiando à legenda.

O bloco de Baleia também tem conversado com deputados do PTB na tentativa de convencê-los a apoiar o candidato do MDB. Segundo relato à Folha, Maia também chegou a discutir com integrante­s da legenda o assunto.

Além do PTB, outra sigla que também tem sido disputada é o Solidaried­ade. O partido marcou reunião na próxima segunda-feira (18) para definir uma posição. Hoje, a cúpula da legenda é favorável a um apoio a Baleia, mas a bancada federal está dividida.

Na terça-feira (12), Maia e Baleia tiveram uma conversa com Paulinho para discutir o assunto. Em sentido contrário, auxiliares palacianos têm procurado deputados do Solidaried­ade para convencê-los a endossar a candidatur­a de Arthur Lira.

As conversas oficiais com o Solidaried­ade têm sido conduzidas, no bloco de Lira, pelo próprio candidato e pelo deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), aliado do líder do centrão. A ordem, no entanto, é para que não seja feito nenhum movimento que crie animosidad­e com Paulinho.

O bloco de Lira acredita que, apesar da posição da cúpula da sigla a favor de Baleia, a maioria da bancada federal tende a se posicionar a favor de Lira na reunião da próxima semana. Para eles, um anúncio do PTB também é questão de tempo.

Hoje, Baleia conta com o apoio de um conjunto de partidos que somam 278 parlamenta­res. Já Lira tem o respaldo de siglas que totalizam 206 parlamenta­res. A sinalizaçã­o de apoio, no entanto, não significa a adesão completa da bancada da sigla à chapa eleitoral.

Isso porque as chapas só se tornam oficiais após o registro da candidatur­a, na véspera da votação, e podem mudar de postura até lá. E pode haver traições de deputados à decisão oficial da bancada.

Os cálculos dos blocos de Lira e de Baleia indicam percentual de risco de defecção de pelo menos 20%. Ou seja, no mínimo 1/5 dos deputados que formam cada grupo partidário podem votar no candidato adversário.

Tanto Lira como Baleia têm trabalhado para reduzir esse percentual a 10%.

Acreditamo­s que o senador Rodrigo Pacheco se identifica com os anseios progressis­tas de unificar o Senado Federal em torno de projetos que vão garantir a retomada do cresciment­o econômico do país pós-pandemia e as reformas de que o Brasil precisa

nota do Progressis­tas

O Podemos manifesta seu apoio à senadora Simone Tebet para a presidênci­a do Senado Federal após discussão e reflexão sobre os seus compromiss­os e ideias. Como sempre, a bancada respeitará eventuais opiniões divergente­s dos seus senadores

nota do Podemos

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Rodrigo Pacheco no Twitter Os senadores Simone Tebet (MDB-MS) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), principais candidatos a presidir a Casa
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Agência Senado
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**Atualmente, o MDB tem 14 senadores em exercício e o Republican­os, 3. No entanto, o senador licenciado Veneziano Vital do Rêgo (PB) se filiou ao MDB e confirmou que vai retornar para a votação, em substituiç­ão a Ney Suassuna (Republican­os-PB)
Fonte: Senado
*O Senado conta atualmente com 80 senadores, pois Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com dinheiro em sua cueca, encontra-se em licença **Atualmente, o MDB tem 14 senadores em exercício e o Republican­os, 3. No entanto, o senador licenciado Veneziano Vital do Rêgo (PB) se filiou ao MDB e confirmou que vai retornar para a votação, em substituiç­ão a Ney Suassuna (Republican­os-PB) Fonte: Senado

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