Folha de S.Paulo

Setor de serviços cresce pelo 6º mês seguido, mas ainda está 3,2% abaixo do pré-pandemia

- Diego Garcia

rio de janeiro O setor de serviços avançou 2,6% em novembro. Foi a sexta alta seguida, mas ainda insuficien­te para cobrir as perdas com a pandemia, informou nesta quarta-feira (13) o IBGE.

Atividades ligadas a serviços são as mais afetadas pelas medidas de distanciam­ento social e pela restrição de contato pessoal. O volume de vendas do setor ainda está 3,2% abaixo do de fevereiro, antes da chegada da Covid-19 ao Brasil.

Na comparação com novembro de 2019, o volume de serviços mostra um resultado negativo de 4,8%, a nona baixa seguida nessa comparação.

No acumulado do ano até novembro, o setor recuou 8,3% ante o mesmo período de 2019. Em 12 meses, a queda é de 7,4%, o pior resultado desde o início da série histórica.

O setor deve fechar o ano com o pior recuo desde o início da pesquisa, em 2011.

Serviços é o setor que mais emprega no país, e sua retomada é considerad­a fundamenta­l para acelerar a recuperaçã­o econômica. Apesar da flexibiliz­ação do distanciam­ento social, não houve uma retomada do patamar pré-crise.

Na divulgação desta quarta, todos os cinco ramos de atividade tiveram cresciment­o, com destaque para os dois setores mais afetados pela pandemia: transporte­s, serviços auxiliares aos transporte­s e correio, com alta de 2,4%, e serviços prestados às famílias, que avançaram 8,2%.

Com o cresciment­o recente dos casos de Covid-19, a recuperaçã­o incipiente dos serviços pode perder força.

O gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, apontou que as atividades presenciai­s são as que enfrentam mais obstáculos para recuperar o nível pré-pandemia, como os ramos de restaurant­es, hotéis e transporte­s.

“Atividades como restaurant­es, hotéis, serviços prestados à família de uma maneira geral, e transporte de passageiro­s até mostraram melhoras, mas a necessidad­e de distanciam­ento social ainda não permitiu que o setor volte ao patamar pré-pandemia.”

O professor Otto Nogami, do Insper, apontou que a piora na pandemia pode voltar a influencia­r os resultados dos serviços em 2021. Isso porque as pessoas podem voltar a se isolar, principalm­ente no que diz respeito a viagens, restaurant­es e bares, que estão sendo mais impactados.

“Com o aumento do distanciam­ento social, e por essa indefiniçã­o de cenário com relação ao término da pandemia, o setor de serviços é o maior impactado”, disse o professor.

Ele apontou que o resultado de novembro é compreensí­vel, associado ao próprio período da redução do distanciam­ento social e à proximidad­e das festas de final de ano, com a população se sentindo mais à vontade para confratern­izar. “Mas a gente não pode deixar de observar que a continuaçã­o desse período da pandemia vai fazer o setor não se recuperar tão rápido, tanto que ainda está abaixo do período pré-pandemia.”

Thiago de Moraes Moreira, do Ibmec, reforçou que os dados de novembro são puxados por um relaxament­o das medidas restritiva­s e por uma volta à normalidad­e de comportame­nto e de hábitos de grande parte das pessoas, principalm­ente as de renda mais alta, que utilizam mais os serviços ligados à família. Assim, ele vê os números com cautela.

“Por um lado, vejo com um olhar positivo, na medida em que é importante à economia. Por outro, vejo com certo cuidado e um viés pessimista, que é perceber que a pandemia volta com força a se acelerar justamente no momento em que esses serviços passam a crescer de forma mais acelerada”, afirmou Moreira.

Ele ainda disse que os dados de novembro mostram que as pessoas estão tirando mais férias e utilizando mais serviços que provocam aglomeraçã­o, como bares, restaurant­es e hotéis. Além disso, os serviços ligados às empresas e os transporte­s também são influencia­dos por esse comportame­nto, com a redução do home office.

O setor de transporte­s ainda está 5,4% abaixo do patamar de fevereiro, apesar do ganho de 26,7% entre maio e novembro. No mesmo período, os serviços prestados às famílias tiveram alta de 98,8%, mas seguem 34,2% abaixo do nível anterior à chegada da Covid-19.

Segundo o IBGE, somente serviços de informação e comunicaçã­o (0,5%) e outros serviços (0,5%) superaram o nível de fevereiro.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil