‘WandaVision’ dá início aos planos da Marvel de vencer guerra do streaming
Série de super-heróis traz referências a clássicos da TV, como ‘A Feiticeira’ e ‘Jeannie É um Gênio’
são paulo Na hora de arrumar a casa, Samantha Stephens só precisava dar uma mexidinha no nariz. Já para Jeannie, bastava piscar os olhos. Agora, para Wanda Maximoff, apontar o dedo indicador é todo o esforço que a tarefa requer.
As protagonistas de “A Feiticeira”, “Jeannie É um Gênio” e do novo “WandaVision” escondem, por trás da fachada de um casamento comum e da função de dona de casa, poderes mágicos capazes de tornar a vida doméstica dos subúrbios dos Estados Unidos muito mais emocionante.
Com estreia agora no Disney+, “WandaVision” é a primeira série da plataforma encarregada de expandir o chamado Universo Cinematográfico Marvel para o streaming —e de reaproveitar personagens que, no cinema, tiveram pouco tempo de tela.
O par romântico escolhido para protagonizar essa jornada inaugural pela plataforma é formado por Wanda —a Feiticeira Escarlate— e Visão.
“WandaVision” acompanha, ao longo de seus nove episódios, um por semana, a rotina dos super-heróis numa casa de classe média americana, numa falsa normalidade que esconde os poderes dela de controlar tudo ao seu redor e o fato de ele ser um androide.
As referências a “A Feiticeira” e “Jeannie É um Gênio”, no entanto, não param no roteiro. A forma e o tom da nova série também fazem menção direta a esses e a outros clássicos da TV. Os primeiros episódios de “WandaVision”, por exemplo, imitam uma comédia dos anos 1950 ou 1960, com direito a risadas pré-gravadas, aplausos do auditório e fotografia em preto e branco.
“Nós fomos imediatamente atraídos por ‘A Feiticeira’ e ‘Jeannie É um Gênio’ porque ambas falam sobre essa tensão entre a magia e o subúrbio”, diz Matt Shakman, diretor de todos os episódios da série. “O que eu amo sobre essas inspirações é que elas envolvem vários efeitos especiais práticos —coisas presas por fios e varas—, um charme que contrasta com os efeitos especiais da Marvel.”
Mas não se engane. Os orçamentos robustos e a tecnologia de ponta alcançam, sim, Wanda e Visão. Conforme o romance ingênuo dos personagens avança, eles vão mudando de década e passeando por diferentes formatos televisivos, até os dias atuais.
Com as mudanças temporais propostas pela trama, Paul Bettany e Elizabeth Olsen, nos papéis de Visão e Wanda, tiveram de repensar os personagens e os deixar mais cômicos e exagerados.
Enquanto Wanda pode ser descrita como uma versão moderna de Samantha ou de Jeannie, o herói interpretado pelo ator britânico se inspira em Dick Van Dyke e em seu “The Dick Van Dyke Show”.
Vendida como uma minissérie, “WandaVision” ainda não tem futuro certo depois que esses nove episódios já gravados chegarem ao Disney+. Também não está claro como o título vai dialogar com o resto do vasto Universo Cinematográfico Marvel. Vale lembrar que a série se passa numa espécie de realidade paralela, já que, nos filmes, Visão morre tragicamente não só uma, mas duas vezes —em “Vingadores: Guerra Infinita”.
O que está claro, por outro lado, é que aqueles que não assistiram aos principais longas do estúdio vão ter dificuldade para acompanhar a nova série. Isso porque ela não oferece contexto para quem acaba de chegar à Marvel e ainda se propõe a dar início à chamada fase quatro de seu universo de filmes de super-herói.
Neste novo período de produções da companhia são esperados filmes como “Pantera Negra 2”, “Viúva Negra” e um arsenal de séries. Além de “WandaVision”, devem chegar ao Disney+ ainda neste ano “Falcão e o Soldado Invernal”, “Loki”, “What If...?”, “Ms. Marvel” e “Hawkeye”.
A promessa é que cinema e televisão estarão completamente integrados, com as tramas de um meio complementando as do outro. Segundo Paul Bettany, o intérprete de Visão, a expansão para a TV é natural. “A Marvel sempre foi, de certa forma, um enorme e extravagante experimento televisivo. Quer dizer, até agora ela estava lançando só filmes, mas eles são episódicos e se complementam”, afirma.