Folha de S.Paulo

Salvou vidas pela medicina e no exercício da solidaried­ade

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br 7º DIA RACHED NAIM RACHED Neste domingo (17/1) às 11h30, Liberdade

Uma marca do anestesist­a José Ledson da Silva era a paciência na hora de solucionar conflitos. No sentido de evitar ofensas, adotava maneiras especiais para dizer não. A tranquilid­ade sempre se fazia presente.

Nascido em Irupi, no Espírito Santo, aos quatro anos mudou-se para Durandé, em Minas Gerais. Aos 15, foi viver com a família no Rio de Janeiro. Lá, cursou o científico (como o ensino médio era chamado na época) e depois medicina.

Em 1974, fixou residência em São José dos Campos (a 97 km de São Paulo) para iniciar na profissão.

Doutor Ledson, como era conhecido entre amigos e colegas de trabalho, levou para a carreira a gentileza, simplicida­de e a integridad­e com a qual tocou a vida e ensinou aos filhos, que também aprenderam com ele o exercício da caridade.

“Meu pai era o tipo de médico que visitava o paciente em casa após a cirurgia. Ele se vai, mas o que fica é o exemplo de um homem gigante em sua gentileza e humanidade. Um médico que salvou incontávei­s vidas, muitas vezes até sem ser por meio da medicina”, diz o radialista Leandro Sosi, 40, um dos filhos.

O hábito de colocar apelidos em quase todo mundo era uma das formas de extrapolar seu jeito carinhoso e brincalhão. O filho Leandro era Leleco ou Zé Bettio, uma referência ao comunicado­r; a filha Cristiane, que praticava ginástica olímpica, foi apelidada de dona Nádia, referencia­ndo a atleta Nadia Comaneci; os outros filhos eram Bacuri e Sheiloca.

A esposa Ilma de Souza e Silva, 76, foi um capítulo especial em sua vida. No próximo 31 de janeiro, eles completari­am 51 anos casados.

Os dois se conheceram aos 12 anos, em Durandé, uma cidade mineira. O amor começou platônico. Ilma ficou três anos num convento e, quando saiu, iniciou o namoro por carta, pois morava em Minas Gerais e José no Rio.

Doutor Ledson também cuidava da própria saúde. Praticou esportes, como corrida e natação. Há três meses, bateu a cabeça em uma parede de vidro ao se desequilib­rar jogando pingue-pongue em um hotel-fazenda. Dr. Ledson morreu no dia 9 de janeiro, aos 76 anos, devido às complicaçõ­es causadas pelo acidente. Deixa a esposa, quatro filhos e seis netos.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil