Sim, senhor
Antes de o Ministério Público pedir para arquivar inquérito sobre o advogado Marcelo Feller, que criticou a postura de Jair Bolsonaro na pandemia, investigadores da Polícia Federal cumpriram diligências consideradas desnecessárias na visão de delegados experientes. O ministro André Mendonça (Justiça) pediu apuração com base na Lei de Segurança Nacional. Os críticos afirmam que houve exagero nas ações da PF porque não havia indício de cometimento de crime na declaração de Feller.
excesso Em 2020, na CNN Brasil, o advogado responsabilizou o discurso de Bolsonaro por ao menos 10% das mortes por Covid-19. Ao investigá-lo, a polícia fez a “qualificação” de Feller, descrevendo quem era, seus trabalhos, estudos, o intimou para marcar oitiva e pediu mais prazo para fechar o trabalho.
dica “Que esse episódio sirva de exemplo para a não instauração de requisições sem fundamento legal, especialmente voltadas a silenciar críticas de jornalistas ao governo de turno. Ou será que precisamos de um tutor (MPF) para dizer que o inquérito é ilegal?”, escreveu em um grupo o delegado Andrei Rodrigues.
peraí Há na PF um setor que defende a condução do inquérito. O argumento é que o pedido do ministro tem de ser cumprido por razão técnica. Dizem ainda que só diligências padrão foram feitas para justificar o provável arquivamento futuro pela PF. Essa ala critica o MPF por ter se manifestado pelo arquivamento antes do relatório final da apuração.
gaveta Responsável pelo caso de Feller, o procurador João Gabriel Queiroz completou neste mês o período de dois anos e meio à frente da investigação da Wal do Açaí, funcionária fantasma de Jair Bolsonaro, como revelou a Folha.
tempo passa No período, o procurador fez mestrado na Espanha, Walderice reformou a loja de açaí da Vila de Mambucaba, teve péssimo desempenho na candidatura a vereadora de Angra dos Reis e agora já tem cargo na prefeitura. O inquérito até hoje não foi finalizado e é mantido em sigilo por João Gabriel Queiroz.
tarja preta A PRF registrou mais duas mortes de servidores por coronavírus nos últimos dias. Nas notas de pesar, porém, o órgão continua omitindo o motivo do óbito. Por causa de um comunicado mencionando Covid-19 em maio, Bolsonaro deu bronca na cúpula da época.
influencer A enfermeira Nathanna Ceschim virou alvo de investigação por parte do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (ES), onde ela trabalha, após ter sido imunizada com a Coronavac e gravar vídeos debochando da vacina, dizendo que não acredita em sua eficácia e que só a tomou para poder viajar.
exemplar Ela ainda publicou vídeos em que aparece sem máscara no hospital. A enfermeira também foi denunciada ao conselho regional de enfermagem.
disco... Fora do “kit Covid” do Ministério da Saúde, o vermífugo vendido com o nome comercial de Annita continua sendo indicado como “tratamento precoce” contra a Covid-19 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
...arranhado Em uma live nesta semana, o ministro Marcos Pontes voltou a exaltar a pesquisa envolvendo a nitazoxanida entre as ações estratégicas da pasta na pandemia.
informe Apesar de o governo Bolsonaro estimular o uso de medicamentos sem eficácia, a Anvisa afirma que não existe tratamento precoce efetivo.
fla x flu O segmento dos mais ricos, com renda mensal familiar de mais de 10 salários, é o mais polarizado na avaliação do governo Bolsonaro, segundo Datafolha. Apenas 10% o consideram regular, ante uma média de 26% da população, e os demais o aprovam (36%) ou reprovam (52%), com 1% sem opinião.
cofres Limitado por restrições previstas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, Milton Ribeiro (Educação) solicitou à Economia a antecipação de R$ 422 milhões para fechar janeiro. O montante seria compensado até abril.
vazio A falta de verba pode comprometer o pagamento de bolsas da Capes e de programas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), segundo a pasta.
Quantas vidas mais vamos deixar serem interrompidas até que a Câmara reconheça os crimes do presidente?
De Sheila de Carvalho, advogada de direitos humanos, sobre hesitação de Rodrigo Maia (DEM-RJ) em abrir processo de impeachment com Guilherme Seto e Nathalia Garcia