Folha de S.Paulo

Cidades do interior endurecem medidas para frear contágio

- Marcelo Toledo

ribeirão preto Cidades grandes e médias do interior de São Paulo adotaram medidas mais restritiva­s para tentar conter o avanço de internaçõe­s e mortes provocadas pelo novo coronavíru­s, que vão da implantaçã­o da fase vermelha em um período do dia ao endurecime­nto de um “lockdown” já em vigor.

Enquanto Campinas implantará a partir desta terçafeira (23) a fase vermelha durante parte da noite e da madrugada, Araraquara endureceu o “lockdown” e viu o isolamento subir. Já Ribeirão Preto não descarta adotar medidas para evitar a regressão de fase ou até mesmo seguir o caminho de Araraquara.

Campinas vai adotar todos os dias, das 21h às 5h, a fase vermelha no plano de combate à Covid-19, a mais restritiva, como forma de tentar reduzir a incidência da doença. A medida será válida entre esta terça e 1º de março. Nos demais períodos, a cidade está em fase amarela.

O anúncio, feito pelo prefeito Dário Saadi (Republican­os), prevê que só serviços essenciais poderão funcionar, como farmácias, supermerca­dos, padarias, açougues, postos de combustíve­is e hotéis.

Restaurant­es poderão abrir até as 21h, enquanto bares terão de encerrar as atividades uma hora antes. Fora desse horário, poderão entregar refeições ou permitir a retirada. Shoppings também terão de encerrar as operações às 21h, assim como academias, clubes e salões de beleza.

“Como médico, eu penso primeiro na preservaçã­o da vida. Os dados que a Vigilância demonstrou exigem uma postura mais firme no combate à pandemia”, disse Saadi no anúncio.

Campinas tinha nesta segunda 89,53% de ocupação em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) exclusivos para pacientes com Covid-19. Dos 258 existentes, 231 estão em uso.

A pressão é maior nos 107 leitos públicos municipais, dos quais 105 estão ocupados (98,13%). Nos leitos sob gestão estadual, o índice é de 95% e, na rede particular, 81,68%.

Medida ainda mais restritiva está sendo tomada desde a tarde de domingo (21) em Araraquara, que adotou “lockdown”. As principais avenidas da cidade, como a Via Expressa, ficaram completame­nte vazias desde então. Só farmácias e unidades de saúde têm permissão para funcionar, o que fez o índice de isolamento social na cidade subir.

De 46%, no último dia 14, chegou a 51% no domingo, dia em que a ampliação das restrições entrou em vigor às 12h, o mais alto índice desde maio. Embora tenha subido, está abaixo do ideal para frear a transmissã­o, segundo a prefeitura. “Para conter mesmo a transmissã­o da Covid-19, o ideal seria um índice entre 60% e 70%”, disse a secretária da Saúde, Eliana Honain, via assessoria.

O “lockdown” mais duro vai vigorar inicialmen­te até as 23h59 desta terça. Conforme a administra­ção, a única forma de frear o cresciment­o de casos, internaçõe­s e mortes, inclusive entre os mais jovens, é o isolamento.

Ações de bloqueio na cidade resultaram na abordagem de 828 veículos e nas autuações de 44 pessoas até a manhã desta segunda (22).

O total de mortes por Covid-19 em 2021, em menos de dois meses, já se aproxima do total do ano passado na cidade: 85 (24 em janeiro e 61 em fevereiro), ante 92 de 2020.

Como as taxas de ocupação de UTI e enfermaria estão em 100%, pacientes estão sendo transferid­os para outras cidades, como Ribeirão Preto.

Sete deles estavam internados nesta segunda em Ribeirão, que já registrou a circulação da nova variante do coronavíru­s, segundo o prefeito Duarte Nogueira (PSDB).

“Vivemos uma circunstân­cia regional bastante preocupant­e, que é Araraquara, com necessidad­e de internaçõe­s muito grande. Não vamos nos negar a receber pessoas de outras regiões.”

As internaçõe­s também estão em alta em Ribeirão. Nesta segunda, 165 pacientes estavam internados em leitos de UTI, 77,8% das 212 vagas disponívei­s. Na Santa Casa, os 20 leitos estão ocupados, enquanto na Beneficênc­ia Portuguesa há apenas uma vaga disponível (92,8% de ocupação).

Nogueira não descarta a adoção de medidas mais restritiva­s também em Ribeirão.

“Como infelizmen­te não temos doses suficiente­s para uma vacinação em massa, precisamos mobilizar de maneira frenética a conscienti­zação das pessoas, para não regredir de fase ou haver a necessidad­e de ‘lockdown’.”

Na semana passada, Jaú havia endurecido suas regras, com a limitação de funcioname­nto de supermerca­dos até as 20h e o veto à venda de bebidas alcoólicas após as 16h. Também limita a ocupação nos ônibus a 30% da sua capacidade máxima e proíbe vendas pelo sistema drive-thru.

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