Engenheiro de software brasileiro cego é destaque no Google em San Francisco
são paulo Para o engenheiro de software do Google Lucas Radaelli, 29, uma das principais missões de quem busca ampliara inclusão de pessoas com deficiência visual é encontrar novas formas de representar informações para que sejam entendidas sem os olhos.
Como exemplo, o curitibano, que é cego, cita a escrita musical em braille, em que as notas são apresentadas sema necessidade de pauta, linhas ou clave de sol, masa informaçãoéa mesma de uma partitura comum .“O problema não és ercego,é não acessara mesma co isaque as outras pessoas acessam.”
Para Lucas, a tecnologia é fundamental para dar igualdade de oportunidades. Por isso, após cinco anos trabalhando no aprimoramento do sistema de buscas da empresa a partir do escritório em Belo Horizonte, ele pediu que fosse transferido para a equipe que cuida da acessibilidade nos produtos da empresa. Mora desde 2019 em San Francisco.
Para ele, a tecnologia tem um papel mais decisivo na vida de quem têm uma deficiência do que para as pessoas que não têm. “Conseguir um livro em braille pode ser muito difícil. Mas consigo comprar um livro digital e usar meu leitor de tela [sistema que fala textos na telado computador ou celularem voz alta] par achegara e lena mesma velocidade que qualquer pessoa .”
Em abril, Lucas foi às redes sociais comemorar sua promoção para um nível senior.
Ele conta ter tido ajuda de muitas pessoas para conseguir material de estudo. Seu pai, Ivair, aprendeu braille para ajudá-loe transcrevia as lições de casa para que os professores pudessem ler. Sua mãe, Fátima, escaneava livros para que Lucas os ouvisse com softwares de leitura de texto em voz alta e o ensinou a digitar no computador aos seis anos.
Mais tarde, no ensino médio, o professor de matemática Rubens Ferronato o apresentou a um sistema que misturava pinos e elásticos para que ele pudesse sentir gráficos e funções com as mãos, um método de traduzir informações visuais para o tato que atiçou seu interesse pelas ciências exatas.
Na Universidade Federal do Paraná, onde entrou ainda sem saber programar, foram vários os colegas que gravaram textos e anotações de caderno para que ele pudesse ouvir depois, conta. “Nós que não enxergamos estamos em uma desvantagem muito grande. Várias vezes quis estudar algo e não tinha acesso a material.”
No trabalho, por outro lado, a quantidade de adaptações foi menor. Lucas diz considerar que a carreira de programador é, na maior parte do tempo, acessível para quem não enxerga. A empresa também se mostrou aberta para buscar softwares e equipamentos necessários para seu dia a dia, diz. “Nunca senti que as pessoas me olhavam e pensavam: ‘Que saco, uma pessoa com deficiência’, o que já aconteceu em outros lugares.”
Lucas chegou ao Google, seu primeiro emprego após estágio no laboratório de pesquisa da faculdade, em 2014. Conta ter sido convidado para participar do processo seletivo comum da empresa após o fim de uma bolsa na Alemanha.
Entre seus objetivos para o futuro, Lucas diz querer desenvolver projetos que permitam a outras pessoas que não enxergam aprender matemática e programação em formatos adequados. Para ele, a tecnologia pode automatizar muitas das atividades que, em sua infância, exigiram muita dedicação de seus pais.