Criança brasileira está desaparecida após desabamento
Mãe diz que menino dormia quando prédio caiu; 150 ainda não foram encontrados
Uma criança brasileira de cinco anos e seu pai, um italiano, estão entre os desaparecidos no desabamento parcial de um prédio em Surfside, nos EUA. O número de mortos subiu para quatro, e mais de 150 pessoas ainda não foram encontradas.
são paulo e surfside (flórida) | reuters Subiu para quatro o número de mortos devido ao desabamento parcial de um condomínio à beira-mar em Miami, na Flórida, e mais de 150 pessoas seguem desaparecidas. Nesta sexta (25), equipes de resgate vasculhavam toneladas de escombros, usando cães treinados e sonares, em busca de sobreviventes.
“Nossos corações estão com eles”, disse o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que aprovou uma declaração de emergência no estado e determinou ajuda federal para complementar os esforços de resposta estaduais e locais.
Na quinta-feira (24), a prefeita do condado de MiamiDade, Daniella Levine Cava, e o governador Ron DeSantis haviam assinado declarações de resgate para acionar a resposta oferecida por Biden.
Uma criança brasileira de cinco anos e seu pai, o italiano Alfredo Leone, estão entre os desaparecidos na tragédia.
A mãe do garoto, Raquel Oliveira, estava visitando familiares em uma cidade no estado do Colorado no momento do colapso. Em seu perfil no Facebook, ela diz que o marido e o filho estavam dormindo quando o prédio desabou e que aguarda notícias deles. A informação foi publicada primeiro pelo jornal O Globo.
“Neste momento não há nada que possamos fazer além de esperar. Sei que todos querem saber notícias com muita aflição, mas não consigo responder a todos e estou ficando cada vez mais ansiosa com tanta informação e perguntas. Eu não tenho respostas”, escreveu Raquel.
“Obrigada por tudo que cada um está fazendo, sinto-me muito apoiada. Nesse momento realmente não preciso de nada, só saber deles. Toda a minha vida estava naquele apartamento.” No post na rede social, ela também diz ter deixado o DNA dela para ser comparado com os de crianças não identificadas e que os pais do marido, que estão na Espanha, fariam o mesmo.
Procurado, o Itamaraty disse que o Consulado-Geral em Miami “está em contato com a família de possível vítima e a ela prestará todo apoio cabível”. O ministério afirmou ainda que está acompanhando o caso junto às autoridades para “confirmar a eventual existência de vítimas brasileiras”.
O governo americano enviará um time de especialistas ao local, para avaliar se o colapso do prédio deve gerar uma investigação de larga escala, com o objetivo de evitar tragédias futuras. Esse processo pode levar a mudanças nas regras de fiscalização de construções em todo o país.
As equipes de busca detectaram sons de batidas e outros ruídos, mas nenhuma voz vinda da pilha de destroços horas depois do desmoronamento de grande parte do condomínio Champlain Towers South, na cidade de Surfside, ao norte de Miami Beach.
Imagens capturadas por uma câmera de segurança nas proximidades mostraram um lado inteiro do prédio desmoronando em duas seções, uma após a outra, levantando nuvens de poeira por volta de 1h30 (2h30, no horário de Brasília) de quinta-feira.
O que fez com que o prédio de 40 anos desabasse em segundos ainda é um mistério, embora as autoridades locais tenham dito que a torre de 12 andares estava passando por obras em alguns setores.
Segundo a prefeita, 159 pessoas permanecem desaparecidas desde o colapso, embora parte delas talvez não estivesse no edifício no momento do desabamento. Outras 120 pessoas cujo paradeiro era inicialmente desconhecido foram localizadas e declaradas seguras, disse Levine Cava.
“Infelizmente, esta foi uma noite trágica”, lamentou a prefeita, enfatizando que as equipes de resgate “continuarão procurando, porque ainda temos esperança de encontrar pessoas vivas”. Desde a manhã de quinta-feira, porém, quando uma mulher e seu filho foram resgatados dos escombros, nenhum outro sobrevivente foi encontrado.
Ainda não está claro quantas pessoas moravam no prédio nem quantas estavam nele no momento do acidente. Alguns moradores conseguiram sair sozinhos pelas escadas, enquanto outros tiveram de ser resgatados pela varanda. Segundo os registros públicos, o prédio foi erguido em 1981 e tinha 130 unidades —cerca de 80 das quais estavam ocupadas e 55 foram atingidas.
O local vinha passando por inspeções recentemente devido ao processo de recertificação e à construção de um outro edifício nas proximidades. Kenneth Direktor, advogado que representa a associação dos moradores do edifício, disse que a torre passaria por reparos em pontos onde foram identificados aço enferrujado e concreto danificado.
Segundo Direktor, no entanto, não havia nada que sugerisse que o desmoronamento tivesse algo a ver com os problemas identificados na inspeção feita. O advogado afirma que edifícios à beira-mar sofrem corrosão devido à exposição aos sais do oceano.