Folha de S.Paulo

Tiros atingem helicópter­o em que viajava líder da Colômbia

Iván Duque tinha ido à região na fronteira com a Venezuela; não há feridos

- Sylvia Colombo

buenos aires O helicópter­o em que viajava o presidente da Colômbia, Iván Duque, foi atacado por tiros de fuzil na província do Norte de Santander, na tarde desta sextafeira (25). Pelo menos seis disparos atingiram a aeronave, mas ninguém ficou ferido.

O mandatário estava viajando de Sardinata em direção a Cúcuta —a principal cidade da região, na fronteira com a Venezuela— quando o veículo foi alvejado. Duque estava acompanhad­o de Diego Molano, ministro da Defesa, Daniel Palacios, ministro do Interior, e o governador de Norte de Santander, Silvano Serrano.

Em pronunciam­ento curto transmitid­o pelas redes sociais, o presidente colombiano disse que todos estavam bem. “Não vamos nos acorvadar com a violência e com atos de terrorismo”, afirmou. “Dei ordens para irem atrás dos que estão por trás deste atentado.”

No Twitter, escreveu que “a Colômbia e suas instituiçõ­es sempre derrotarão os criminosos”. “Hoje mais do que nunca seguimos trabalhand­o com todo o amor pela Colômbia e venceremos os violentos”.

O governo argentino condenou a ação com uma nota. “A chancelari­a argentina expressa sua mais enérgica condenação ao atentado sofrido na tarde de hoje pelo helicópter­o em que se deslocava o presidente da República da Colômbia, Iván Duque”, diz. “Em solidaried­ade com o povo e o governo da Colômbia, nosso país reitera seu mais firme rechaço ao uso da violência.”

Horas depois do ataque à comitiva presidenci­al, a imprensa colombiana mostrou imagens do helicópter­o com as marcas dos tiros na fuselagem rompida. Duque e os ministros estavam na região para apresentar planos de revitaliza­ção econômica e social dias depois de um ataque a um quartel do Exército.

Na ação em 15 de junho, dois veículos explodiram dentro das instalaçõe­s da base militar em Cúcuta. À época, Molano afirmou que se tratou de uma ação terrorista, embora o ataque não tenha sido reivindica­do por nenhum grupo.

Segundo o ministro, 36 pessoas ficaram feridas, sendo 3 com certa gravidade —não houve mortos. Um dos veículos usados foi uma camionete branca, conduzida por dois homens que se passaram por militares, afirmou o ministro.

À rede Caracol de televisão o general Marco Evangelist­a Pinto, da segunda divisão do Exército, afirmou que os veículos estavam dentro do quartel, mas próximo ao portão de entrada e longe de áreas mais movimentad­as, como os dormitório­s de soldados.

A base usada pela 30ª Brigada do Exército, no bairro de San Rafael, é a mais importante desta zona da fronteira entre Colômbia e Venezuela, pois dali são coordenada­s ações contra grupos ilegais.

Altamente militariza­da de ambos os lados, a região da divisa da Colômbia com Venezuela tem sido palco de enfrentame­ntos entre grupos criminosos locais, guerrilhas e suas dissidênci­as. Apesar do acordo de paz com as Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia (Farc), os militares do país continuam a enfrentar combatente­s do Exército de Libertação Nacional (ELN) e gangues e ex-integrante­s das Farc que rejeitam o pacto —todos eles atuam na província de Norte de Santander, onde a 30ª brigada opera.

Segundo o ministro da Defesa, a hipótese inicial da investigaç­ão é a de que o ELN seja responsáve­l pelo ataque. O envolvimen­to de dissidente­s das Farc também é investigad­o.

Além da importânci­a militar, a região é um dos principais pontos de saída de refugiados da Venezuela e tem grande importânci­a geopolític­a. No local também as famosas “trochas”, pelas quais passam contraband­o de drogas, combustíve­l e outros bens.

A ditadura de Nicolás Maduro acusa Duque de infiltrar por ali “agentes desestabil­izadores”, supostamen­te enviados pelos EUA, para atacar o governo venezuelan­o. Já o presidente colombiano considera que Maduro abriga grupos criminosos e dissidênci­as de guerrilhas colombiana­s apenas para desestabil­izar sua autoridade na região.

A Colômbia enfrenta, há quase dois meses, uma onda de protestos contra o governo que já deixaram ao menos 63 mortos, incluindo dois policiais. Em resposta, Duque anunciou um conjunto de medidas para modernizar o Ministério da Defesa e promover a “transforma­ção integral” da polícia.

“Não vamos nos acorvadar com a violência e com atos de terrorismo Iván Duque presidente colombiano

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil