Folha de S.Paulo

Sem caixa, Madero põe sobrevivên­cia em dúvida

Com dívida de R$ 2,4 bilhões, rede de restaurant­es e auditoria afirmam que continuida­de dos negócios é incerta

- Isabela Bolzani

SÃO PAULO O caixa insuficien­te para pagar dívidas de curto prazo e a falta de garantias de que conseguirá prorrogar ou refinancia­r compromiss­os trouxeram incerteza sobre a continuida­de das operações do Grupo Madero, dos restaurant­es Madero e Jeronimo, afirmou a companhia em seu balanço de resultados divulgado na quinta-feira (24).

Desde 2020 a empresa vem estudando abrir capital.

“A liquidez disponível mais o caixa adicional esperado, gerado pelas operações, não serão suficiente­s para pagar o total das obrigações de dívida de curto prazo antes ou na data de vencimento sem financiame­nto adicional”, afirmou o Grupo Madero em nota.

“A companhia pretende buscar prorrogar ou refinancia­r a dívida e continuará discutindo com os bancos parceiros a possibilid­ade de obtenção de novas linhas de crédito quando necessário para dar suporte à operação”, disse o grupo.

O Madero reiterou que não há garantias de que a empresa conseguirá adiar ou refinancia­r esses débitos em tempo ou em condições favoráveis.

No total, o Grupo Madero somava R$ 2,4 bilhões em dívidas com bancos, fornecedor­es, tributos, entre outros. Desse montante, mais de 30% dos compromiss­os (R$ 740,4 milhões) venciam em até um ano. Outros 19,2% tinham prazo de um a dois anos. A maior parte da dívida era de empréstimo­s (R$ 1,2 bilhão).

Em relatório anexado ao balanço, a PwC, empresa que fez a auditoria do balanço, também afirmou ter incerteza significat­iva sobre a continuida­de dos negócios.

“A companhia tem apurado prejuízos repetitivo­s em suas operações e apresentou excesso de passivos sobre ativos [o que indica um alto índice de endividame­nto] em 31 de março. [...] Essa situação, entre outras descritas, indicam a existência de incerteza relevante que pode levantar dúvida significat­iva sobre sua continuida­de operaciona­l”, afirmou a PwC em nota.

No primeiro trimestre, o grupo registrou prejuízo de R$ 67,5 milhões, ante R$ 18,7 milhões no mesmo período de 2020.

Procurado, o Grupo Madero afirmou que está em período de silêncio e não poderia comentar o assunto.

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Brunno Covello - 19.abr.18/Folhapress Junior Durski, dono do Madero

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