Sem caixa, Madero põe sobrevivência em dúvida
Com dívida de R$ 2,4 bilhões, rede de restaurantes e auditoria afirmam que continuidade dos negócios é incerta
SÃO PAULO O caixa insuficiente para pagar dívidas de curto prazo e a falta de garantias de que conseguirá prorrogar ou refinanciar compromissos trouxeram incerteza sobre a continuidade das operações do Grupo Madero, dos restaurantes Madero e Jeronimo, afirmou a companhia em seu balanço de resultados divulgado na quinta-feira (24).
Desde 2020 a empresa vem estudando abrir capital.
“A liquidez disponível mais o caixa adicional esperado, gerado pelas operações, não serão suficientes para pagar o total das obrigações de dívida de curto prazo antes ou na data de vencimento sem financiamento adicional”, afirmou o Grupo Madero em nota.
“A companhia pretende buscar prorrogar ou refinanciar a dívida e continuará discutindo com os bancos parceiros a possibilidade de obtenção de novas linhas de crédito quando necessário para dar suporte à operação”, disse o grupo.
O Madero reiterou que não há garantias de que a empresa conseguirá adiar ou refinanciar esses débitos em tempo ou em condições favoráveis.
No total, o Grupo Madero somava R$ 2,4 bilhões em dívidas com bancos, fornecedores, tributos, entre outros. Desse montante, mais de 30% dos compromissos (R$ 740,4 milhões) venciam em até um ano. Outros 19,2% tinham prazo de um a dois anos. A maior parte da dívida era de empréstimos (R$ 1,2 bilhão).
Em relatório anexado ao balanço, a PwC, empresa que fez a auditoria do balanço, também afirmou ter incerteza significativa sobre a continuidade dos negócios.
“A companhia tem apurado prejuízos repetitivos em suas operações e apresentou excesso de passivos sobre ativos [o que indica um alto índice de endividamento] em 31 de março. [...] Essa situação, entre outras descritas, indicam a existência de incerteza relevante que pode levantar dúvida significativa sobre sua continuidade operacional”, afirmou a PwC em nota.
No primeiro trimestre, o grupo registrou prejuízo de R$ 67,5 milhões, ante R$ 18,7 milhões no mesmo período de 2020.
Procurado, o Grupo Madero afirmou que está em período de silêncio e não poderia comentar o assunto.