Folha de S.Paulo

Fazendeiro preso escondeu Lázaro por dias, afirma polícia de GO

- Marcelo Rocha

BRASÍLIA A polícia afirma ter descoberto na quinta-feira (24) o local onde Lázaro Barbosa de Sousa, 32, ficou escondido pelo menos desde o início desta semana. A identifica­ção do local foi possível após a prisão de duas pessoas acusadas de ajudar o foragido a escapar do cerco policial.

Segundo o secretário de Segurança de Goiás, Rodney Miranda, ambos confirmara­m que o foragido passou as últimas noites lá.

“Descobrimo­s o esconderij­o dele. [Era] uma casa com aparato de ruínas em volta, onde davam guarida pra ele, depois de ele furar alguns cercos que nós fizemos.”

Foram presos o fazendeiro Elmi Caetano Evangelist­a, 74, e um funcionári­o seu, Alain Reis de Santana, 33, suspeitos de dar abrigo a Barbosa.

Constituíd­o para cuidar da defesa de Elmi, o advogado Ilvan Barbosa disse à Folha que seu cliente não teve contato com o foragido nem sabia que ele estaria escondido em sua propriedad­e. “Nenhum contato. Ele não dorme na fazenda. Vai lá para dar comida para bichos”, afirmou o advogado.

Alain é assistido pelo advogado Adenilson dos Santos. Ele afirmou que passou a defender o funcionári­o da fazenda nesta sexta. “Não o acompanhei quando ele falou à polícia”, disse Santos.

No depoimento à polícia, Alain disse ter visto o foragido na fazenda e que ele permaneceu no local pelo menos desde o início da semana com a autorizaçã­o do dono da propriedad­e, que teria, inclusive, providenci­ado alimentaçã­o para o criminoso.

Afirmou ainda que foi ameaçado de morte pelo foragido e, por essa razão, nada disse sobre a presença dele no local quando policiais estiveram na porteira da propriedad­e anteriorme­nte.

Responsáve­l pela audiência de custódia, a juíza Luciana Oliveira de Almeida Maia da Silveira concedeu liberdade provisória para Santana e converteu em preventiva a prisão em flagrante do fazendeiro.

A polícia reforça uma linha de apuração sobre a existência de uma rede proteção ao homem acusado de matar brutalment­e uma família no Distrito Federal no início deste mês. “Temos trabalhado de uma forma um pouco mais cirúrgica, em cima de informaçõe­s mais consistent­es”, disse Miranda.

Autoridade­s afirmaram que há outras pessoas nas cercanias de Girassol, distrito de Cocalzinho de Goiás (GO), sob investigaç­ão por contribuir para que Barbosa escape da polícia. Nesta sexta (25), a perseguiçã­o chegou ao 17º dia.

Coordenado­r da força-tarefa que mobiliza centenas de agentes, Miranda disse que a apuração busca esclarecer também se há participaç­ão das pessoas investigad­as em crimes cometidos pelo foragido desde que ele fugiu de um presídio em Goiás em 2018.

O secretário afirmou que são pelo menos sete crimes, a maioria latrocínio­s (matar para roubar) ou homicídios, ocorrência­s anteriores à chacina em Ceilândia, cidade satélite do DF.

Barbosa é acusado de ter assassinad­o um casal e dois filhos ao invadir uma chácara para roubar no dia 9 de junho. Cláudio Vidal de Oliveira, 48 anos, Gustavo Vidal, 21, e Carlos Eduardo Vidal, 15, foram assassinad­os no local. Os corpos estavam sob folhas para que não fossem vistos pelas buscas aéreas da polícia.

Cleonice Andrade, 43, foi levada como refém e seu corpo foi localizado três dias depois às margens de um córrego, sem roupas. De acordo com a polícia, a vítima foi morta com tiro na nuca.

Desde então, relatos apontam que ele invadiu outras propriedad­es no DF e em Goiás, baleou moradores de uma chácara, fez reféns em outra. Trocou tiros com um funcionári­o de uma fazenda, roubou armas e veículos.

Além do quádruplo latrocínio em Ceilândia, é atribuída a ele uma tentativa do mesmo tipo penal em 2020, ao invadir uma chácara em Goiás para roubar e atingir um idoso com um machado.

O fugitivo tem condenação por duplo homicídio na Bahia. É considerad­o foragido da Justiça também por crimes de estupro, roubo à mão armada e porte ilegal de arma de fogo, acusação que à cadeia em 2013 no DF.

Após três anos, progrediu para o regime semiaberto e fugiu da cadeia. De acordo com informação da Secretaria de Administra­ção Penitenciá­ria do DF, ele não retornou ao sistema após uma saída temporária.

Em 2018, Lázaro foi preso pela polícia de Goiás, mas conseguiu escapar novamente. Desde então, vinha sendo procurado pela polícia. Existem atualmente contra ele quatro mandados de prisão cadastrado­s no BNMP (Banco Nacional de Mandados de Prisão), administra­do pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

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