Folha de S.Paulo

Governo é condenado após ofensas de Bolsonaro a mulheres

- Tayguara Ribeiro

são paulo A Justiça condenou o governo federal a pagar multa por danos morais coletivos de R$ 5 milhões por ofensas contra mulheres em declaraçõe­s públicas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro e por outros membros da gestão.

A União também foi condenada a realizar campanhas de conscienti­zação sobre problemas sociais enfrentado­s pelas mulheres no Brasil, como violência doméstica, no valor de R$ 10 milhões. Cabe recurso.

Além das declaraçõe­s do presidente, a Justiça Federal também levou em consideraç­ão falas, desde o início do governo, da ministra da Mulher, Damares Alves; do ministro da Economia, Paulo Guedes; do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo; e do deputado Federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Segundo a decisão, as declaraçõe­s constituem abuso da liberdade de expressão no desempenho do poder estatal e afronta aos deveres basilares no desempenho das atribuiçõe­s de seus cargos.

A ação foi ajuizada pelo Ministério Público Federal em agosto do ano passado.

A juíza Ana Lúcia Petri Betto, da 6ª Vara Cível Federal de SP, disse que “não se mostra crível que ocupantes de altos cargos do Poder Executivo, a quem compete o estabeleci­mento de políticas públicas para a promoção da igualdade [...] façam uso de seus cargos para investir contra parcelas da população historicam­ente inseridas em situação de hipossufic­iência social”.

A magistrada determinou o bloqueio imediato de verbas do Orçamento da União.

Entre as declaraçõe­s do presidente considerad­as danosas está uma entrevista de abril de 2019, na qual ele disse que “o Brasil não pode ser o paraíso do turismo gay. Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”.

Também consta da sentença insulto de Bolsonaro contra a repórter da Folha Patrícia Campos Mello.

O governo não retornou o contato da Folha. A AGU informou que não comenta processos em tramitação judicial.

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