Folha de S.Paulo

Abner Teixeira vai de revolta a achar ‘irado’ medalha nos Jogos

Boxeador paulista perde na semifinal para cubano que é quatro vezes campeão mundial e foi ouro no Rio-2016

- Camila Mattoso e Carlos Petrocilo

tóquio Logo após perder sua lu tana semifinal olímpica nesta terça-feira (3), o boxeador Abner Teixeira, 26, saiu do ringue “puto” pela derrota, de acordo com suas próprias palavras. Segundos depois, porém, já não conseguia escondera alegria por chegara esse estágio dos Jogos Olímpicos.

“Foi irado”, repetiu algumas vezes, com um sorriso no rosto, o brasileiro dos pesos pesados.

Abner chegou no duelo contra o cubano Julio César La Cruz sabendo que tinha o bronze garantido, já que não há disputa de terceiro e quarto na modalidade. Ainda assim, tentava uma vaga na final.

A mudança de “puto” para feliz reflete o lema que aprendeu com um dos treinadore­s da seleção, Mateus Alves: não se deslumbrar tanto coma vitória nem chorar muito coma derrota.

Para Teixeira, foi motivo de alegria chegar em uma semifinal em sua estreia nas Olimpíadas, e diante de alguém que ele viu tantas vezes pela TV.

“Foi irado. Um cara a quem assisto há muito tempo, uma referência, campeão mundial desde 2011. Dividir o ringue com ele foi uma experiênci­a incrível, muito legal. Infelizmen­te na parte técnica etática deixei a desejar. Mas foi irado. Foi como se eu estivesse vivendo um sonho”, disse.

Julio César La Cruz é quatro vezes campeão mundial, ouro na Rio -2016 evencedor do Pan-Americano de Lima, no Peru, em 2019.

Dos cinco árbitros, apenas um achou que o brasileiro é quem deveria avançar de fase.

“Medalhista olímpico. Não é todo dia que alguém pode dizer isso, né? Estou orgulhoso de mim mesmo, pela campanha”, afirmou o boxeador.

Abner Teixeira da Silva Júnior nasceu em Osasco e, na adolescênc­ia, mudou-se com a família para Sorocaba, no interior paulista, onde conheceu o mundo do boxe, aos 13 anos.

Subiu ao ringue pela primeira vez no projeto social Boxe Mão para o futuro, que chegou a atender 700 crianças. Para aprender a lutar, ele percorria todo dia 6 km entre sua casa e a academia. Antes, ele já havia tentado, sem sucesso, trilhar carreira em outras modalidade­s, como futebol e basquete.

Fã de Anderson Silva, um dos principais nomes do MMA (Artes Marciais Mistas), o paulista recebeu incentivo do ídolo às vésperas de enfrentar o cubano. Silva gravou um vídeo para Teixeira e seu técnico, Vladimir Godoi.

“Vai com a mão em cima, que a gente está na torcida e sabe que você vai trazer muitas vitórias para a gente”, afirmou Silva na mensagem que enviou para o boxeador.

Em Tóquio, Teixeira derrotou o jordaniano Hussein Iashaish para avançar à semifinal. Antes, havia estreado com uma vitória por decisão dos árbitros (4 a 1) sobre o britânico Cheavon Clarke.

O brasileiro sonhava com vaga na decisão. A meta, agora, é comprar uma casa para a mãe com o dinheiro que levará para casa. O COB (Comitê Olímpico do Brasil) definiu que a recompensa será de R$ 250 mil pela medalha de ouro, R$ 150 mil pela prata e R $100 mil pelo bronze. “Acho que me aproximou desse sonho. Não é mais sonho, é objetivo”, disse.

Estaéap rim eiradas três medalhas já certas para a modalidade. Antes dele, Bia Ferreira venceu sua luta contra Raykhona Kodirova, do Uzbequistã­o, na categoria leve. Avançou. Na semifinal, abrasileir­a vai enfrentara finlandesa Mira Potkonen, que foi bronze no Rio-2016 ejá venceu Bia duas vezes.

“Toda vez que agentes e encontra, agente consegue faze rum belo combate. Da última vez eu a venci, acredito que ela está com sangue no olho. Eé isso aí. Tô pronta. Achoque agente vai dar show para a galera”, disse Bia.

Amedalha de Te ixe iraéa quinta do boxe brasileiro em Olimpíadas. Servílio de Oliveira foi o primeiro, nas Olimpíadas da Cidade do México-1968. Em Londres-2012, foi a vez de Adriana Araújo (bronze), Yamaguchi Falcão (bronze) e Esquiva Falcão (prata). Nos Jogos do Rio-2016, Robson Conceição conquistou o primeiro ouro.

Além de Bia Ferreira, Hebert Conceição, na categoria peso médio (69 até 75 quilos), vai disputara semifinal.

Já Wanderson de Oliveira, 24, parou nas quartas de final. O cubano Andy Cruz, 25, o venceu por decisão dos árbitros.

Bia enfrenta a finlandesa Potkonen em busca do ouro na quinta-feira (5), às 14h15. No mesmo dia, Hebert Conceição encara Gleb Bakshi, do Comitê Olímpico Russo, às 15h18.

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