Folha de S.Paulo

Biden envia Segurança Nacional e CIA a Bolsonaro, contra China

- Nelson de Sá nelson.sa@grupofolha.com.br

Um mês após o diretor da CIA se reunir em Brasília com o presidente Jair Bolsonaro, os generais Braga Netto, Augusto Heleno e outros, o assessor de Segurança Nacional dos EUA deve se reunir nesta semana com os mesmos.

Jake Sullivan, segundo a Casa Branca, virá com Tarun Chhabra e Amit Mital, diretores de tecnologia e cibernétic­a no Conselho de Segurança Nacional de Joe Biden. Na agenda, “oportunida­des para fortalecer a parceria estratégic­a”, inclusive “colaborar na infraestru­tura digital”.

Os EUA querem a chinesa Huawei fora da rede comercial 5G do Brasil —e não só da rede privativa, como encaminhou o governo. Segundo o site Tele.Síntese, a Anatel está fazendo “ajustes” no edital do leilão, que deve acontecer em dois meses.

REALISMO ANTIDEMOCR­ÁTICO Sobre as visitas de Sullivan e William Burns (CIA), o vice-presidente da organizaçã­o Americas Society, Brian Winter, tuitou que Biden “pode não amar

Bolsonaro, mas vê o Brasil como peça-chave no confronto com a China”, num momento em que “grande parte da América Latina está se voltando contra Washington”. Afirma ainda que renasceu nos EUA o realismo da Guerra Fria, de “ignorar o comportame­nto antidemocr­ático de aliados se eles ajudarem os EUA” —agora contra a China.

CLIMA VIRTUAL Junto com o anúncio da viagem de Sullivan, Reuters e outras agências despachara­m que o enviado de Biden para o clima, John Kerry, fez uma reunião virtual com sete governador­es. Eles representa­ram os 23 da aliança Governador­es pelo

Clima, que havia mandado carta ao governo americano.

FANTASMA Prossegue a cobertura externa das ameaças à democracia, com o espanhol El País destacando que “Bolsonaro agita fantasma da fraude nas próximas eleições”, e o inglês Financial Times, que “enfrenta investigaç­ão” por isso.

SEM RISCO Já a agência americana Associated Press noticia o confronto entre a Justiça Eleitoral e o presidente, mas ressalta nota enviada para clientes pela consultori­a de risco Eurasia Group, dizendo não ver chance de “os militares apoiarem Bolsonaro no desafio aos resultados” em 2022.

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