Ativista belarusso morre enforcado na Ucrânia
bruxelas Um ativista belarusso que ajudava exilados de seu país natal na Ucrânia foi encontrado enforcado em um parque de Kiev, onde costumava correr, na manhã de terça-feira (3).
Vital Shyshou tinha 26 anos, dirigia a Casa Belarussa na capital ucraniana e estava desaparecido desde segunda. A polícia não descarta a hipótese de homicídio disfarçado de suicídio —investigadores identificaram escoriações no nariz e no joelho do jovem.
De acordo com a ONG que Shyshou dirigia, a entidade recebeu alertas sobre possíveis agressões por parte da ditadura, como sequestros ou até homicídio. Amigos disseram que ele se sentia vigiado desde que deixou seu país natal, em outubro do ano passado.
“É uma mensagem para todos os belarussos que estão no exterior”, disse Volha Yermalayeva Franco, representante no Brasil da oposição à ditadura da Belarus.
“É preocupante que aqueles que fogem da Belarus ainda não possam estar seguros”, disse em rede social a principal líder da oposição à ditadura de Minsk, Svetlana Tikhanovskaia.
Há pouco mais de dois meses, outro exilado da Belarus, o blogueiro Roman Protassevich, foi sequestrado e preso pelo regime, após indícios de que ele vinha sendo espionado.
Um voo comercial em que o jornalista viajava da Grécia à Lituânia foi interceptado por um caça e forçado a pousar no aeroporto de Minsk, onde foi detido.
Shyshou não era um ativista especialmente ativo até meados do ano passado. Órfão de pai e mãe, ele deixou a Belarus após o início da repressão contra os protestos que pediam a renúncia de Lukachenko —mais de 30 mil foram detidos desde então e, mais recentemente, a ditadura passou a condenar opositores em processos criminais.
Em Kiev, além de ajudar foragidos belarussos a encontrar trabalho e emprego, ele organizava manifestações pacíficas para chamar a atenção da comunidade internacional para o colapso dos direitos civis na Belarus. Foi a partir de então que Shyshou ganhou visibilidade nas redes sociais.