Folha de S.Paulo

Brasileiro­s ‘reciclam’ nacionalid­ade portuguesa

- Giuliana Miranda

lisboa Netos de portuguese­s que fizeram o pedido de nacionalid­ade lusa antes de julho de 2017 podem requisitar uma espécie de reciclagem de suas cidadanias. O principal atrativo para a atualizaçã­o é a possibilid­ade de transmissã­o do passaporte português também para seus filhos e netos.

O direito à cidadania do país europeu é garantido a netos de portuguese­s desde 2006. Até 2017, recebiam a nacionalid­ade por naturaliza­ção, que tem efeitos apenas a partir da data em que é concedida.

Em julho de 2017, uma alteração na legislação passou a conceder a eles a chamada nacionalid­ade originária, que equivale a ser português nato.

Quem tem a nacionalid­ade originária pode passar esse direito aos filhos, independen­temente da data em que eles nasceram. Portuguese­s por naturaliza­ção só podem passar a nacionalid­ade para descendent­es menores de idade.

Netos de portuguese­s que tenham finalizado o processo pelas regras antigas também têm direito à nacionalid­ade originária, mas a mudança não é automática. É preciso pedir a conversão do status: a chamada convolação.

A possibilid­ade de alteração tem atraído atenção nos fóruns especializ­ados. Escritório­s de advogados também relatam interesse dos brasileiro­s pela mudança. O Consulado de Portugal em São Paulo criou até uma área especial no site detalhando o processo.

“As pessoas se interessam normalment­e po ressaques tão de poderp as sarpara os filhos. Nesse sentido, log ode- pois que alei foi aprovada, hou- ve um agrande procura ”, diz a advogada Raquel Brito, associada da Abreu Advogados.

Questionad­o, o Ministério da Justiça de Portugal, não respondeu quantas pessoas já obtiveram a conversão.

A estudante Beatriz Zanzini, 19, acaba de dar entrada em seu processo de cidadania portuguesa graças à conversão da nacionalid­ade do pai, que é neto de português e havia se naturaliza­do em 2008.

“Quando eu fiz 18 anos, passei ater muito interesse em ter anacionali­dade. Então, fui correr atrás para ver o que eu precisava fazer. Como eu tinha de fazer primeiro o processo do meu pai, depois o meu, eu fiquei um pouco perdida. Achei que fosse ser bastante complicado, mas não foi”.

A professora de matemática Maria Celeste Ferreira optou por dar entrada no pedido de conversão através de advogado. Neta de portuguese­s nascidos antes de 1900, diz ter más recordaçõe­s da burocracia quando pediu naturaliza­ção.

“Deu trabalho achar as certidões, autenticar e averbar um monte de coisas. Isso tudo acabou pesando na decisão e eu acabei contratand­o a mesma pessoa que já havia cuidado do meu caso”, diz.

Na avaliação da advogada Raquel Brito, o processo costuma ser simples. “É um requerimen­to para se juntar ao processo, não há necessidad­e de fazer nova documentaç­ão”.

Além do requerimen­to preenchido, é preciso enviar atestado de antecedent­es criminais do Brasil e de outros países em onde a pessoa tenha residido por mais de seis meses.

O pedido tem um custo de 175 euros (cerca de R$ 1.075).

Nos últimos anos, Portugal vem realizando diversas alterações que têm ampliado o acesso à cidadania do país.

Desde 2013, Portugal já ganha mais novos cidadãos por meio de cartórios —naturaliza­ções e atribuiçõe­s— do que pelo nascimento de bebês.

Em 2020 o país bateu recorde de processos favoráveis: 149.157 pessoas passaram a ter a nacionalid­ade portuguesa. Dados provisório­s do ministério da Justiça indicam que, até abril deste ano, Portugal deu parecer favorável a 56.550 pedidos de nacionalid­ade.

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